EQUIPA DA ADF
Os Emirados Árabes Unidos enviaram tropas para treinar os soldados chadianos em matéria de guerra e de utilização do equipamento doado pelos Emirados, incluindo pelo menos seis veículos blindados que foram entregues no ano passado.
A notícia do envio de tropas dos EAU para o Chade surgiu em Janeiro. Segundo a revista Military Africa, os EAU estão a expandir os seus esforços para reforçar a sua presença militar e política no Chade — e na região do Sahel — no meio da guerra civil que assola o Sudão. O Chade e os EAU assinaram um acordo de cooperação militar em Junho de 2023.
“Os EAU enviaram um carregamento de veículos militares e equipamento de segurança para a República do Chade, para apoiar as suas capacidades de combate ao terrorismo e reforçar a protecção das fronteiras,” informou a agência noticiosa estatal dos Emirados, conhecida como WAM.
O Chade tem lutado contra organizações extremistas violentas, como o Boko Haram e a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP), na região do Lago Chade.
Liderado por Mahamat Idriss Déby Itno, filho do falecido Presidente Idriss Déby Itno, o Chade participa activamente nos esforços de contra-insurgência em toda a região do Sahel.
Para além de fornecerem ao Chade formação e veículos militares, os EAU enviaram, em Agosto de 2023, 13 toneladas de alimentos para o Chade, a fim de prestar apoio humanitário aos residentes locais e aos refugiados sudaneses que fugem da guerra civil naquele país.
Os EAU também ajudaram a criar um hospital de campanha em Amdjarass, no nordeste do Chade.
O sultão Al Shamsi, ministro-adjunto dos EAU para o desenvolvimento e assuntos de organizações internacionais, disse à revista African Business que o hospital foi construído para tratar os sudaneses no Chade e a comunidade local.
Criticado Apoio às RSF
Alguns dos esforços dos EAU no continente foram alvo de críticas, incluindo o seu apoio às Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares do Sudão, que lutam pelo controlo do país.
De acordo com o The New York Times, os Emirados Árabes Unidos estão a enviar armas potentes e drones para as RSF, tratando os combatentes feridos e transportando por via aérea os casos mais graves da cidade chadiana de Amdjarass, sob o pretexto de salvar refugiados.
Os EAU permitem que as empresas fantasmas das RSF forneçam armas, abastecimentos e serviços de financiamento às milícias Janjaweed, Husam Osman Mahjoub escreveu na revista académica Review for African Political Economy.
Mahjoub afirmou que os EAU também conduzem operações de contrabando, exportação de ouro e branqueamento de capitais com empresas russas e africanas ligadas à milícia do Grupo Wagner, actualmente conhecida como Africa Corps, e a governos africanos.
Autoridades dos EAU negam apoiar as RSF.
Os EAU “não tomam partido no actual conflito” e têm “apelado constantemente ao desanuviamento, a um cessar-fogo sustentável e ao início do diálogo diplomático” no Sudão, um funcionário dos Emirados disse ao Financial Times.