EQUIPA DA ADF
Os profissionais de saúde estão a levantar o voo na batalha contra a COVID-19, usando drones para fazer a entrega de medicamento em zonas recônditas, divulgar mensagens relacionadas com a saúde pública e desinfectar locais públicos. Os drones também inspiraram milhares de jovens a explorar novas formas de utilizar a tecnologia.
“Vimos que os drones têm um nicho em muitos contextos diferentes. Existem muitas inovações a serem vistas em África,” Edward Anderson, especialista em matérias digitais, do Banco Mundial, baseado na Tanzânia, disse na reunião do Fórum Económico Mundial, havida na Cidade do Cabo, África do Sul.
Enquanto os drones desempenhavam um papel em tudo, desde a agricultura até ao mapeamento de controlo do mosquito, a COVID-19 obrigou os países africanos a abraçarem a tecnologia como uma forma de dar um salto gigantesco para ultrapassar as barreiras relacionadas com fracas redes viárias, enquanto respondem às exigências da pandemia.
Ruanda
Em Fevereiro, o Ruanda acolheu o Fórum Africano de Drones para explorar as formas através das quais o continente pode melhor utilizar a tecnologia. O país organizou-se para ser um local de testes para a tecnologia dos drones, criando assim o surgimento de muitas iniciativas.
O Ruanda preparou o palco para a mudança em direcção à utilização generalizada de drones quando o governo assinou um contrato com a Zipline, uma empresa que utiliza drones autónomos de asa fixa controlados com recurso a GPS para fazer a entrega de sangue, vacinas e outras necessidades relacionadas com cuidados de saúde em zonas recônditas.
A mesma viagem que antes levava três horas via terrestre leva agora 15 a 25 minutos usando drones. Isso significa que o sistema de saúde do Ruanda pode responder com maior rapidez a casos de emergência nas zonas rurais, enquanto gasta menos recursos, incluindo sangue doado, de acordo com Paula Ingabire, Ministra de Informação, Comunicações e Tecnologias.
“Utilizar drones foi ligeiramente mais caro do que um carro, mas a poupança no desperdício de sangue e o tempo que leva para se chegar lá compensam,” disse Ingabire no Fórum Económico Mundial.
Gana
A chegada da COVID-19 na África Ocidental deu ao piloto de drones ganês, Eric Acquah, um novo propósito para a sua empresa de 3 anos, AcquahMeyer Drone Tech. Rapidamente mudou as suas operações de aspergir pesticidas agrícolas para passar a aspergir desinfectante em locais públicos.
Ao abrigo de um contrato com as autoridades locais, Acquah utilizou 20 drones para desinfectar 38 mercados, que desempenham um papel fundamental na economia ganesa e nas vidas dos residentes locais. O que poderia levar dias e dezenas de pessoas em terra a fazer agora leva uma questão de minutos através do ar.
“Atacamos os mercados porque em África eles são a céu aberto e sempre superlotados,” disse Acquah à Reuters. “Então, pensamos se o vírus se alastrar de forma rápida, isso será a partir dos mercados.”
Os operadores de drones forneceram serviços semelhantes no Marrocos, Nigéria e Botswana, adaptando os drones de trabalho agrícola para passarem a aspergir desinfectante nas ruas e espaços públicos de modo a lutar contra a propagação da COVID-19.
África do Sul
No início da pandemia, os residentes das zonas rurais da província do Limpopo, no Município de Greater Tzaneen, ouviram a voz do seu presidente do município a partir do céu, alertando-os para que mantenham o distanciamento social de modo a prevenir a propagação do coronavírus.
Levar a mensagem para o ar permitiu que o presidente do município cobrisse um grande território nas comunidades das zonas rurais com um mínimo de esforço, de acordo com Sam Twala, presidente da Federação Sul-africana de Sistemas Aéreos Não Tripulados.
“E quando se trata de coisas como o seu custo, na verdade, é aí onde os drones acrescentam muito mais valor, porque eles oferecem aquela vantagem onde alguém pode tacticamente colocar os seus homens,” disse Twala à Voz da América.
Desde então, os drones têm transportado mensagens — tanto sonoras assim como visuais — para comunicar pelo continente, sobrevoando as ruas e mercados agitados para fazer chegar mensagens importantes relacionadas com a saúde.
Malawi
O rápido aumento de drones em África motivou o desenvolvimento da Academia Africana de Drones e de Dados do Malawi a treinar a próxima geração de fazedores e pilotos de drones. Com o apoio do UNIDEF e da Universidade de Virginia Tech, dos Estados Unidos, o primeiro grupo de graduados de Abril incluiu 50 membros provenientes de todo o continente.
A trabalhar com o UNICEF, o Malawi criou um corredor especial fora da capital para testar formas através das quais se pode utilizar os drones para fins humanitários, tais como mapeamento de desastres, servindo como torres aéreas de Wi-Fi e entrega de vacinas.
Outras escolas de drones foram abertas no Zimbabwe, Senegal e em outros lugares para difundirem o conhecimento e apoiarem novos usos da tecnologia de drone.
Em Maio, a academia malawiana de drones fez o lançamento de uma parceria com o fabricante de drones Wingcopter para fazer a entrega de materiais relacionados com cuidados de saúde durante a COVID-19.