EQUIPA DA ADF
O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-general da Organização Mundial de Saúde, teve uma simples mensagem para a primeira assembleia presencial da OMS depois de dois anos: a vida pode estar a voltar ao normal em muitos países, mas é importante recordar que a pandemia da COVID-19 está longe de acabar.
“Eu sei que esta não é a mensagem que gostariam de ouvir e definitivamente não é a mensagem que eu gostaria de trazer,” Tedros disse à Assembleia Mundial da Saúde.
A variante Ómicron e o seu conjunto de subvariantes causaram o aumento do número de casos em pelo menos 70 países.
Em toda a África, o número de casos de COVID-19 subiu numa média de 36% em Maio quando vários países experimentaram novas vagas de infecção depois de uma interrupção de vários meses. Os casos aumentaram em 23% na África Oriental, aumentaram 40% na África Central e aumentaram 14% na África Ocidental. A África do Norte registou um aumento de 17% durante esse tempo, de acordo com o Africa CDC.
Na África Austral, os casos aumentaram 40% em média por mês, numa altura em que uma nova vaga impulsionada pelas subvariantes BA.4 e BA.5 da Ómicron assolou a região durante a sua época tradicional de frio e gripes.
Embora pesquisas iniciais tenham sugerido que a variante Ómicron era menos severa e menos mortal em relação às variantes anteriores, novos estudos demonstram que o seu impacto é virtualmente idêntico às variantes anteriores em pessoas sem imunidade natural ou adquirida.
“Este vírus foi-nos surpreendendo sempre — uma tempestade que sobreveio às nossas comunidades repetidamente e ainda não somos capazes de prever a sua direcção nem a sua intensidade,” disse Tedros.
O número de casos somente na África do Sul aumentou aproximadamente 60% no mês de Maio, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. As mortes aumentaram em 80% durante esse mesmo período, disse o Africa CDC.
Mesmo com o aumento do número de casos, as testagens baixaram significativamente no mundo inteiro, observou Tedros.
A testagem ajuda as autoridades de saúde pública a rastrearem a propagação do vírus e o surgimento de novas variantes quando o vírus continua a propagar-se e a evoluir.
De acordo com dados do Africa CDC, a testagem foi inconsistente, tendo reduzido durante as interrupções das infecções e aumentado significativamente durante as vagas. A terceira e a quarta semanas de Maio ilustram esse facto: a testagem reduziu em 9% na terceira semana para 483.000, depois subiu mais do que o triplo para mais de 1,5 milhões na quarta semana, numa altura em que a quinta vaga havia tomado conta da África Austral.
As autoridades de saúde pública afirmam que o continente precisa de uma testagem mais regular e consistente para poderem detectar surtos na sua fonte antes da sua propagação. Sem mais testagem consistente, os sistemas de saúde pública terão dificuldades para identificar novas variantes antes de ficarem descontroladas, de acordo com especialistas da área de saúde.
“Estamos a cegar-nos para a evolução do vírus,” disse Tedros.
Nos países africanos, as taxas de positividade continuam em cerca de 11%, representando mais do que o dobro do padrão da OMS para imposição de restrições para a prevenção da propagação. Na África Austral, as taxas de positividade estão acima de 12%.
A falta de informação e a desinformação continuam a prejudicar os esforços para controlar a pandemia.
Tedros apelou os países do mundo a continuarem vigilantes e para trabalharem com outros países a fim de combater a pandemia.
“A pandemia não irá desaparecer de forma mágica,” disse Tedros. “Mas nós podemos acabar com ela. Temos o conhecimento. Temos as ferramentas. A ciência colocou-nos em vantagem.”