EQUIPA DA ADF
À medida que a Ucrânia adquire armas e material proveniente da NATO e de outros países do Ocidente, a Rússia está a utilizar a desinformação, recorrendo às redes sociais para afirmar que tais armas estão a cair nas mãos de terroristas e criminosos em África e no mundo inteiro.
“Uma parte considerável destas armas já entrou, ou em pouco tempo irá entrar, no mercado negro,” Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, disse à imprensa em Moscovo, em Outubro de 2022. “Agora a comunidade internacional está a enfrentar esta situação.”
“Os carregamentos militares da NATO estão a terminar nas mãos de terroristas, extremistas e grupos criminosos do Médio-Oriente, África Central e Sudeste Asiático,” acrescentou Zakharova sem oferecer quaisquer provas da sua afirmação, de acordo com uma reportagem da Reuters.
Afirmações semelhantes surgiram em outros ambientes de imprensa. O canal de notícias do Líbano, Al Mayadeen, comunicou, na sua página da internet, em Dezembro de 2022, que armamento enviado para a Ucrânia tinha acabado nas mãos de gangues que se fazem transportar em motorizadas, da Finlândia, nos mercados negros asiáticos e na Albânia e Moscovo.
Em Julho de 2022, a revista Newsweek publicou uma análise de relatos de contas pró-russas das redes sociais que se envolviam numa campanha de desinformação, através de falsificação de contrabando de armas e venda não autorizada originada na Ucrânia.
A reportagem também afirma que a Rússia está a “utilizar como armas” reportagens de notícias legítimas do Ocidente, trocando as suas palavras e significados.
Os esforços persistentes de desinformação da Rússia também dependem de figuras públicas credíveis repetirem inconscientemente a informação falsa. Assim foi o caso do presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, que pode ter reafirmado a informação falsa num discurso de Novembro: “Infelizmente, a situação no Sahel e a guerra da Ucrânia servem como grandes fontes de armas e de combatentes para reforçar as fileiras dos terroristas na região da Bacia do Lago Chade,” de acordo com Modern Diplomacy.
Embora seja plausível, a página da internet de verificação de factos, Polygraph.info afirmou que “não houve relatos públicos de armas provenientes de conflitos do leste da Europa vindo para a região da Bacia do Lago Chade.” Na verdade, a maior parte das provas sugere que os terroristas e os criminosos capturam e utilizam armas de exércitos legítimos, polícia e forças de manutenção da paz.
O Centro de Estudos Estratégicos de África comunicou, em Março de 2022, que as perdas de armas das operações de paz eram um “problema significativo,” com a fonte primária de armas ilícitas em África sendo proveniente de “arsenais nacionais e forças de manutenção da paz.”
Além disso, muitas armas saem da Líbia desde 2011 para as mãos dos militantes de todo o Sahel e toda a Bacia do Lago Chade.
O antigo ditador líbio, Muammar Kadhafi armazenou armas em todo o país, incluindo aproximadamente 1 milhão de espingardas AK-47.
“Aqueles arsenais eram imensos,” embaixador Martin Kimani, representante permanente do Quénia nas Nações Unidas, disse à revista Africa Renewal, em 2021. “Actualmente, milhares de africanos dizimados por grupos terroristas do Sahel foram mortos pelos arsenais desviados da Líbia depois da queda daquele governo.”
Independentemente de as armas terem sido originadas dos arsenais da Líbia, ou tenham sido retiradas de forças de manutenção da paz ou de segurança nacional, as provas indicam que a maior parte é originária e circula dentro de África. Apesar destes factos, os esforços de desinformação da Rússia continuam a prejudicar a reputação da Ucrânia em África, através da mistura de factos relacionados com o tráfico de armas em África com origens fictícias da Ucrânia, ocultando, desta forma, a verdade por detrás do mundo confuso e sombrio do tráfico ilícito de armas.
Tal como o Ministro da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels, recebe o crédito de ter dito: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.”