EQUIPA DA ADF
As forças de segurança somalis interceptaram um carregamento de drones suicidas que estavam a ser secretamente transportados através da região da Puntlândia, possivelmente para serem utilizados contra as forças militares e de manutenção da paz no sul do país.
Os cinco dispositivos, que estavam escondidos em altifalantes, eram drones comerciais modificados para transportar explosivos. Os oficiais das Forças de Segurança da Puntlândia disseram acreditar que os drones vieram dos rebeldes Houthi no Iémen, contrabandeados através do porto de Bosaso, no Golfo de Aden, na Puntlândia.
As autoridades acreditam que os drones se destinavam a terroristas do al-Shabaab.
A descoberta foi um lembrete do desejo dos grupos terroristas de adquirir drones armados. Também parece confirmar as preocupações de alguns especialistas de que o grupo Estado Islâmico e a al-Qaeda possam estar a espalhar drones armados do Médio Oriente para as filiais africanas.
Há anos que o al-Shabaab utiliza drones para recolher informações e efectuar reconhecimentos contra as forças de manutenção da paz, as tropas do Exército Nacional da Somália (SNA) e dignitários estrangeiros. Os drones também têm sido utilizados para filmar batalhas. Em Fevereiro, o SNA abateu drones de reconhecimento do al-Shabaab na região de Galgaduud.
“Os drones tornaram-se cada vez mais parte integrante das estratégias operacionais dos grupos extremistas, alinhando com a tendência global de empregar métodos mais eficazes para amplificar a propaganda e ganhar visibilidade, especialmente na era digital,” a analista Ana Aguilera escreveu para a Global Network on Extremism & Technology.
No entanto, esta situação começou a mudar. No conflito do Sudão, ambas as partes utilizaram drones para atacar alvos humanos e hospitais, mercados e outros edifícios, o que mostra como a utilização de drones está a aumentar no continente.
No Mali, suspeita-se que a organização Jama’at Nasr al-Islam wal-Muslimin (JNIM), alinhada com a al-Qaeda, tenha utilizado drones do tipo quadricóptero, prontos a usar, que transportavam granadas e morteiros, para matar 10 membros da milícia Dozo em Abril.
“Este acontecimento [na Puntlândia] sublinha os actuais desafios de segurança no país, particularmente no que diz respeito à adaptação de tácticas terroristas,” escreveu o Garowe Online da Somália após a descoberta e detenção de sete suspeitos.
Os especialistas dizem que os drones suicidas sugerem uma ligação crescente entre os Houthis no Iémen e o al-Shabaab. Os dois grupos são ideologicamente opostos. O Irão apoia os xiitas houthis; os sunitas do al-Shabaab são aliados da al-Qaeda. A relação forneceria dinheiro aos Houthis e armamento avançado ao al-Shabaab para atacar o governo da Somália.
Em Julho, as autoridades de Bosaso apreenderam armas ilegais que pareciam ter sido contrabandeadas do Iémen.
“Assim, o mais provável é que os Houthis estejam a oferecer drones de ataque ou mísseis terra-ar, porque sistemas mais avançados, como mísseis balísticos antinavio e mísseis de cruzeiro, exigiriam uma formação significativa e assistência logística que seria difícil para o al-Shabaab obter,” a analista Emily Milliken escreveu recentemente no The National Interest.
O tipo de drones que as autoridades da Puntlândia interceptaram são difíceis de detectar e de defender. São também baratos e estão amplamente disponíveis, o que os torna fáceis de adquirir e simples de modificar.
À medida que o al-Shabaab intensifica a sua estratégia de drones, está a fazê-lo tendo como pano de fundo os contínuos ataques de drones do SNA e da ATMIS, que utilizam drones de nível militar para infligir pesadas perdas ao grupo terrorista.
Segundo o analista Omar Abu Bakr Muhammad, os ataques de drones do SNA e da ATMIS têm prejudicado o al-Shabaab, destruindo equipamento e atingindo os seus líderes e bases.
“Assim, os drones tornaram-se uma vantagem decisiva para o Exército, contribuindo para a derrota e a expulsão do al-Shabaab de extensas áreas,” Muhammad escreveu recentemente para o Raseef22.