EQUIPA DA ADF
Com grafite pintado de forma reluzente na parte exterior e música a soar de forma estridente por dentro, a forma predominante de transporte do Quénia — os veículos minibus designados de Matatu — são icónicos e polivalentes.
Entre a bordo e terá uma ideia de como a COVID-19 está a transformar o sector dos transportes em toda a África.
Lá se foram os pagamentos tradicionais em dinheiro, agora substituídos por um sistema que exige que os passageiros paguem através de cartões ou telemóveis.
“Os sistemas sem dinheiro vivo também fornecerão uma plataforma para o desenvolvimento de um aplicativo de rastreamento de contactos eficiente para apoiar o esforço do governo para lidar com a pandemia do coronavírus,” George Njao, director-geral da Autoridade Nacional de Transportes e Segurança (NTSA, na sigla inglesa), disse ao jornal queniano, Business Daily, em 2020.
Para os motoristas, a NTSA criou um Sistema Integrado de Gestão de Transportes (TIMS), uma plataforma digital que incorpora o licenciamento, o registo e a inspecção de viaturas. O sistema está directamente ligado às plataformas de dinheiro móvel e ao serviço bancário online, que são amplamente utilizados actualmente.
Richard Kanoru, secretário-geral da Associação de Viaturas de Transporte Matatu, disse que o TIMS tornou o trabalho dos motoristas mais fácil e mais eficiente.
“No clicar de um botão e dentro de cinco minutos, um operador pode requerer todas as licenças necessárias para operar um Matatu,” disse num artigo da página da internet do Banco Mundial. “Os nossos custos empresariais reduziram significativamente, porque não precisamos mais de intermediários para obter os serviços da NTSA.”
Para ajudar a diminuir a propagação da COVID-19, os transportes públicos também estão a deixar de utilizar o dinheiro vivo em Ruanda, Tanzânia e Uganda.
É o tipo de progresso que promete impulsionar toda a indústria de transportes a longo prazo.
Embora a infra-estrutura de África esteja atrasada em relação a de muitas partes do mundo, uma abundância de recursos faz com que os especialistas projectem um crescimento económico substancial na próxima década.
Na África Subsaariana, Angola, Gana, Quénia, Moçambique e Nigéria estão a emergir como favoritos para os investidores que procuram por um sector de transportes em crescimento.
Mas cada país possui um conjunto único de circunstâncias, disse Andrew Shaw, líder de transportes e logística da PricewaterhouseCoopers (PwC), na África do Sul.
“Existe uma necessidade muito grande de redes de transportes rodoviários, ferroviários, aéreos e portuários em algumas economias a serem melhoradas,” disse na página da internet da PwC. “As infra-estruturas de transportes e logística têm o potencial de aumentar o valor do crescimento económico do continente.”
No continente, as plataformas digitais de pagamento estão a competir para ajudar a simplificar este panorama.
Cellulant, uma das muitas opções de dinheiro móvel para reservas de passagens aéreas e passagens de Matatu no Quénia, recentemente expandiu para vários novos mercados.
Na Nigéria, motoristas de camiões, empresas de transportes e agências de viagens estão a utilizar a plataforma Cellulant para rastrear e cobrar receitas e impostos — tudo isso enquanto mantêm o distanciamento social para lutar contra a COVID-19.
Trabalhando com o governo e com os líderes empresariais, o PCA interino da Cellulant Nigeria, Sike Bamisebi, espera que um sistema de pagamentos digital simplificado venha a impulsionar a rápida expansão dos transportes na Nigéria e continue a propagar-se por toda a África.
“É inevitável digitalizar todo o sector de transportes,” disse. “Em África, e reflectido na Nigéria, existe uma ascensão na utilização da digitalização para as viagens ferroviárias e aéreas, mas os rodoviários continuam a ser o principal meio de transporte de muitos, representando mais de 60% dos passageiros por ano.
“Descobrimos que esta é uma grande oportunidade para ficarmos digitalizados na Nigéria e expandirmos os nossos pagamentos digitais para todas as actividades comerciais e verdadeiramente criar um impacto no alcance do valor económico significativo no país.”