EQUIPA DA ADF
Desde que a pandemia da COVID-19 começou, as pessoas estão cada vez mais a recorrer aos meios digitais para procurarem por informações sobre a saúde, marcar datas de consultas médicas e obter resultados de testes.
Muitos governos africanos responderam à resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS) de aumentar a adopção de serviços de saúde digitais, que requer que os departamentos de saúde utilizem a tecnologia para promover o “acesso equitativo, acessível e universal à saúde para todos,” de acordo com um estudo realizado pela Vodafone, Vodacom, Safaricom e Caribou Digital.
O estudo, publicado numa altura em que 180 empresas em fase inicial e ligadas à saúde digital operavam na África Subsariana, demonstrou que 75% dos países africanos possui uma estratégia digital. Um aumento no uso de smartphones e acesso à internet móvel mais acessível motivou o uso de ferramentas digitais durante a pandemia.
Os africanos são responsáveis por 13% de todas as tecnologias da COVID-19, novas ou melhoradas, que foram criadas, de acordo com um estudo da OMS, que aplaudiu o Gana e a Tunísia por desenvolverem tecnologias específicas para a pandemia.
Os inovadores ganeses criaram o aplicativo rastreador da COVID-19 para comunicar sintomas e rastrear contactos, estações de lavagem das mãos alimentadas por energia solar e drones que fazem entrega de testes do coronavírus nas residências. Inventores tunisinos produziram um robot para ajudar a fazer cumprir os confinamentos obrigatórios.
Falando sobre o aplicativo de rastreamento, o Vice-Presidente do Gana, Mahamudu Bawumia, disse que os dados são a arma mais poderosa contra a pandemia.
“Esta é uma outra arma no nosso arsenal,” disse Bawumia num comunicado. “Irá fornecer-nos dados em tempo real e permitir uma resposta rápida e antecipada por parte dos nossos profissionais.”
O Gana foi também o primeiro país a adoptar o software móvel PanaBIOS, da União Africana, que faz o rastreio de aglomerados e ajuda os utilizadores a certificarem o seu estatuto de COVID-19 em postos de travessia de fronteira.
Vídeos do robot PGuard, feito na Tunísia e desenvolvido pela Enova Robotics, foram amplamente partilhados nas redes sociais. Num deles, o robot pergunta a um homem se ele sabe que existe um confinamento obrigatório em vigor. O homem disse que queria comprar cigarros.
“OK, compre o seu tabaco, mas seja rápido e vá para casa,” respondeu o robot, de acordo com uma reportagem da BBC.
Pouco depois de a pandemia ter começado, a OMS adoptou uma plataforma do WhatsApp desenvolvida pela empresa sul-africana Praekelt.org, para divulgar informações sobre o surto. A plataforma fornece aconselhamentos de viagem relacionados com o coronavírus, informação sobre sintomas, infecção e taxas de mortalidade, enquanto também combate a desinformação.
Através do programa de transferência de dinheiro digital Novissi, as autoridades togolesas diminuíram o fardo financeiro sobre os trabalhadores mais afectados pela pandemia. De acordo com o Banco Mundial, o surto ameaçou 62% dos empregos do Togo.
Lançado em 2020, o programa togolês distribuiu 4,3 milhões de dólares na sua primeira semana de utilização, comunicou o Quartz Africa.
“O dinheiro móvel é a melhor forma de ajudar a África a lutar contra a COVID-19,” presidente togolês, Faure Gnassingbé, escreveu num artigo de opinião para o Financial Times.
Mais de 581.000 togoleses beneficiaram-se do programa, de acordo com um relatório do Africa Renewal.
Na África Oriental, a pandemia causou um aumento de pacientes e de provedores de serviços médicos envolvidos na telessaúde, também conhecida como telemedicina. Isso limita os contactos para os profissionais de saúde e permite que pacientes vulneráveis e aqueles que estejam em lugares remotos recebam serviços mesmo estando em isolamento. Também poupa dinheiro, reduzindo a necessidade de infra-estruturas físicas.
Babyl, um provedor de cuidados digitais no Ruanda, registou um aumento nas consultas diárias de cerca de 3.000, em Março de 2020, para mais de 5.000, em Agosto de 2021.
O provedor ugandês, Rocket Health, disse que as consultas por via telefone e vídeo aumentaram em 500% em 2020 e quadruplicaram até Setembro de 2021.
No Quénia, a Ultra Red Technologies utiliza impressoras 3D digitais para criar viseiras para funcionários da saúde. O sistema de fornecimento de medicamentos com rastreio móvel, mTrac, do Uganda, uma parceria público-privada, permite que os funcionários do sector de saúde comuniquem sobre a carência de medicamentos através de mensagens de texto.
As ligações digitais também trouxeram os laboratórios de pesquisa de África para a linha da frente das pesquisas de tratamentos da COVID-19.
A Dra. Matshidiso Moeti, directora dos escritórios regionais da Organização Mundial de Saúde para África, disse que, por causa das conexões de internet de alta velocidade nas grandes cidades, os pesquisadores de Dakar, Senegal; Adis Abeba, Etiópia; Cidade do Cabo, África do Sul e de outros lugares partilharam descobertas fundamentais com os seus colegas na Europa, Ásia e nas Américas, fazendo com que a procura da cura fosse verdadeiramente uma colaboração global.