EQUIPA DA ADF
Enquanto a maior parte do mundo alivia as restrições relacionadas com a pandemia, a China está a retomar os confinamentos obrigatórios, numa altura em que enfrenta uma nova ronda de infecções pela COVID-19 impulsionada por uma subvariante da estirpe Ómicron. Aquele confinamento obrigatório é um lembrete para os países africanos de que devem estar preparados para uma quinta vaga.
Os líderes africanos continuam a apelar os residentes para tomarem precauções contra a propagação da COVID-19, que continua activa em números menores depois de a mais recente vaga impulsionada pela Ómicron ter terminado cerca de um mês atrás na maior parte do continente. O uso da máscara, a lavagem das mãos e o distanciamento social continuam a ser os componentes chave da estratégia para interromper a capacidade de o vírus mover-se no seio das populações.
As autoridades deixaram de utilizar confinamentos obrigatórios rigorosos como uma ferramenta para quebrar a transmissão, porque os confinamentos obrigatórios iniciais causaram efeitos devastadores sobre as economias nacionais.
O aumento da imunidade — tanto natural como adquirida — pode reduzir o impacto de uma nova variante, mas não existe garantia de que uma nova variante possa ser controlada por completo, epidemiologista sul-africano, Salim Abdool Karim, disse à rádio Jacaranda FM. Ómicron, Delta e outras principais variantes todas elas demonstraram que podiam vencer certos níveis de imunidade.
Esta é a incerteza com a qual temos de trabalhar nesta pandemia, disse Karim.
Os escritórios regionais para África, da Organização Mundial de Saúde, e o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças enfatizaram uma estratégia que parte da base. Recorrendo à experiência da luta contra anteriores surtos, a estratégia centra-se em rastrear a COVID-19 nas comunidades e utilizar uma combinação de confinamentos obrigatórios rigorosamente centrados e o tratamento de “agrupamentos” de contactos próximos de pessoas infectadas para a acabar com os surtos antes de eles tornarem-se epidémicos.
A China, por outro lado, continua a seguir a sua política conhecida como COVID Zero para bloquear a propagação.
Neste mês, o governo colocou em confinamento obrigatório a cidade de Xangai, que possui uma população de 25 milhões de habitantes. As autoridades estão a testar cada pessoa da cidade e a isolar aqueles que possuem o vírus em hospitais improvisados. Os testes revelaram dezenas de milhares de infecções. Aproximadamente todos os infectados são assintomáticos, de acordo com a Reuters.
Para além de Shangai, os testes apareceram com uma nova variante, a Ómicron XE, que é uma híbrida (também conhecida como uma recombinação) das estirpes altamente contagiosas BA.1 e BA.2 da variante Ómicron. A nova subvariante é cerca de 10% mais transmissível do que a BA.2, de acordo com a OMS.
A China também registou duas outras variantes que não estão alistadas na base internacional de dados de estirpes de COVID-19.
“Devemos fazer a monitoria de novas recombinações de forma muito próxima, mas não devemos entrar em pânico neste momento,” disse Leo Poon, um virologista da Universidade de Hong Kong, disse à Bloomberg.
Maria Van Kherkove, técnica-chefe da OMS para a COVID-19, disse que os investigadores de todo o mundo estão a estudar a Ómicron XE e outras variantes para determinar o que as mudanças do vírus significam.
“Estamos a analisar isso com toda a informação disponível que temos e iremos continuar a fazê-lo,” disse Van Kerkhove durante uma recente conferência de imprensa.
Entretanto, ela apelou, a população precisa de continuar a tomar precauções para prevenir outras propagações da COVID-19.
“Este vírus ainda está connosco. Está a circular num nível realmente intenso,” disse Van Kerkhove. “Precisamos de utilizar todas as ferramentas que temos ao nosso dispor.”