EQUIPA DA ADF
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia na mente de todos, a pergunta feita por um jornalista dos Camarões não foi surpresa para ninguém: Qual é a importância das parcerias de segurança de África com a Europa e com os Estados Unidos e como elas afectam as ambições da Rússia no continente?
Sentado próximo da sua contraparte do Exército dos EUA, o Comandante das Forças Terrestres do Malawi, Major-General Chikunkha Harrison Soko, respirou fundo e deu a sua resposta à pergunta complexa durante uma conferência de imprensa ao vivo, no último dia da Cimeira das Forças Terrestres Africanas 2022 (ALFS), no dia 24 de Março.
“O que afecta a Europa afecta África. O que afecta África, afecta toda a Europa,” disse. “É importante que nos encontremos e discutamos assuntos ligados à paz mundial e isso é exactamente o que estamos a fazer aqui.”
Soko destacou a colaboração militar em toda a África, que foi o lema da 10ª cimeira, que teve a duração de uma semana, este ano em Fort Benning, Geórgia, depois de a anterior, nona cimeira, ter decorrido no continente africano.
Outros princípios fundamentais do evento — treinar com aliados e parceiros, partilhar informação e experiência — foram enfatizados como sendo a melhor forma para alcançar os objectivos de segurança comuns.
O Brigadeiro-General Venuste Nduwayo, Comandante das Forças Terrestres da Força de Defesa Nacional do Burundi, disse que os seus maiores ganhos da ALFS 2022 foram a amizade, a camaradagem e o poderoso impacto do estabelecimento de redes de líderes militares.
“Os nossos exércitos e os nossos países têm problemas diferentes,” disse a um repórter do Exército dos EUA. “Mas a melhor coisa é vê-lo e estar preparado para não ser surpreendido por nada.”
Líderes militares de mais de 40 países africanos participaram da cimeira, juntamente com representantes de organizações como a União Africana e as Nações Unidas. Mais de 35 comandantes de forças terrestres participaram.
Soko disse que a ALFS deste ano irá contribuir para a segurança africana, porque expõe os países parceiros a novos estilos de liderança e a modelos de treino enquanto também providencia um fórum de debate de problemas que afectam África e o mundo.
“A liderança e os treinos que Fort Benning nos providenciou, principalmente as habilidades de liderança, habilidades individuais nos nossos respectivos exércitos, irão contribuir para a segurança dos nossos países e do continente,” disse.
O Major-General nigeriano, Abdul Califa Ibrahim, o general principal de uma força-tarefa multinacional que luta contra os insurgentes do Boko Haram na Bacia do Lago Chade, reconheceu a importância dos tradutores ao permitiram que os participantes trabalhassem em equipa em línguas francesa e portuguesa com outros líderes.
“Os meus horizontes foram ampliados,” disse. “Os conceitos que eu vi aqui, as instalações de treinos, a metodologia irá causar um impacto positivo no meu comando e também no treino e em outros aspectos do exército do meu país, Nigéria.”
Para além do objectivo de fortalecer as parcerias em toda a África para melhorar a segurança regional e continental, os participantes debateram sobre como formar líderes capazes de resolver problemas de ameaças complexas envolvendo várias regiões.
O Chefe de Estado-Maior do Exército ganês, Major-General Thomas Oppong-Peprah, partilhou a sua experiência de trabalho em Gana com a Brigada de Assistência das Forças de Segurança do Exército dos EUA (SFAB), composta por unidades altamente especializadas que realizam formações, aconselhamento, assistência e acompanhamento de operações com países aliados e parceiros de todo o mundo.
No Gana, a 2ª SFAB está a trabalhar com o exército do Gana para partilhar informações e melhores práticas através de treinos e colaborações com líderes principais.
Oppong-Peprah disse que encontros de líderes principais sobre futuras oportunidades de treinos e sobre a interoperabilidade de equipamento de comunicação tiveram lugar em Tamale, Gana, em Janeiro, e socorreram-se da já existente forte parceria de segurança com os EUA.
“No meu país, a Brigada de Assistência das Força de Segurança está a ajudar a capacitar o nosso exército,” disse. “Tive a oportunidade de ver a organização da brigada em termos gerais e também compreender como ela é flexível.”
“É um imperativo que possamos aprender e treinar juntos e sejamos capazes de trabalhar juntos para o bem da humanidade.”
No acto de encerramento da cimeira, com o anúncio da Costa do Marfim como o co-organizador da ALFS 2023, o Comandante da Força Conjunta das Forças Armadas da Serra Leoa, o General Peter Kakowou Lavahun, fez uma reflexão sobre a ALFS 2022 e saudou os aspectos internos e externos da colaboração na Cimeira.
Houve sessões de discussão em grupos, grupos de debate e visitas a instalações de treino assim como demonstrações feitas pelos Rangers Aéreos dos EUA, que incluíram disparos com armas reais de tanques, veículos de combate Bradley e misseis TOW, metralhadoras e outras armas e equipamentos.
“Fiquei muito impressionado com tudo — a organização, a planificação, os esforços e a pesquisa que foram colocados neste evento,” disse. “Tive a oportunidade de conhecer novos comandantes de toda a África, fazer novas amizades e fazer muitas colaborações em equipa.
“Foi muito marcante.”