EQUIPA DA ADF
A crescente violência entre os generais em guerra no Sudão levou alguns especialistas a apelar à intervenção da União Africana (UA) através da sua Força Africana em Estado de Alerta.
“Tendo em conta a escalada de destruição do conflito, é urgente pôr termo às hostilidades, estabelecer um corredor humanitário e proteger os civis e as infra-estruturas,” escreveu recentemente o analista Maram Mahdi para o Instituto de Estudos de Segurança. “Para se conseguir alguma coisa, essa abordagem tem de ser mais dura do que os esforços actuais.”
A Força Africana em Estado de Alerta (FAA) conta com um total de 25.000 soldados contribuídos pelos membros da UA espalhados pelas cinco regiões económicas do continente. Desde 2017, foram destacadas forças regionais de reserva para vários países, mais recentemente para a República Democrática do Congo.
As hostilidades eclodiram a 15 de Abril entre o General Abdel Fattah al-Burhan, chefe das Forças Armadas do Sudão (SAF) e líder de facto do país, e o seu antigo adjunto e rival de longa data conhecido por Hemedti, líder da milícia das Forças de Apoio Rápido (RSF).
Os combates devastaram a capital, Cartum, e reacenderam a violência brutal na região de Darfur, onde o antecessor das RSF, a milícia Janjaweed, levou a cabo um ataque apoiado pelo governo contra a população não árabe há 20 anos.
As partes beligerantes declararam e depois quebraram rapidamente numerosos cessar-fogos, incluindo um durante o Eid al-Adha no final de Junho.
O Conselho de Paz e Segurança da UA (CPS) reuniu-se no dia seguinte ao início das hostilidades e emitiu uma declaração condenando os combates e exigindo que ambas as partes resolvessem os seus problemas pacificamente. Desde então, a UA tem-se mantido à margem, enquanto outras partes tentam levar os beligerantes a uma solução negociada nas conversações em Jeddah, na Arábia Saudita.
O conflito no Sudão é exactamente o tipo de situação que levou a UA a criar a sua doutrina de não indiferença e a criar a força de em estado de alerta, segundo Mahdi.
“Uma força com uma capacidade de reacção rápida permitiria à UA responder rapidamente à actual crise do Sudão, que até agora tem sido difícil de conter,” escreveu Mahdi para o ISS.
Pouco depois do início dos combates, o Presidente das Comores e actual Presidente da UA, Azali Assoumani, comunicou ter falado por telefone com al-Burhan e Hemedti nos dias 23 e 25 de Abril, respectivamente. Alguns dias mais tarde, um comunicado da UA descreveu as conversações como “construtivas e promissoras.”
“No entanto, parece que essas conversas ‘promissoras’ não produziram resultados significativos,” escreveu recentemente o analista Taki Mhaka para a Al-Jazeera.
Em Maio, o CPS adoptou o seu roteiro para pôr termo às hostilidades, colocando o Sudão de novo na rota de um governo civil.
Por essa razão, parece ser o momento ideal para uma intervenção mais forte, segundo Mahdi.
A UA não precisa de impor um plano ao Sudão; precisa simplesmente de pôr em prática o plano que os sudaneses negociaram entre si, acrescentou Mahdi. O último desses planos, elaborado em Dezembro de 2022, foi posto de lado com o início dos combates.
Embora o roteiro da UA exija que os vizinhos do Sudão se envolvam no restabelecimento da paz, Mahdi recomenda que se lance uma rede alargada de forças de manutenção da paz.
“Os interesses regionais concorrentes e o desalinhamento dos actores externos podem facilmente comprometer os esforços de intervenção,” escreveu Mahdi. “Assim, atrair tropas de fora dos países vizinhos imediatos do Sudão, como o Quénia e o Burundi, seria uma vantagem adicional.”