EQUIPA DA ADF
Uma coligação global está a angariar fundos para adquirir e entregar equipamento de protecção individual (EPI), de que muito se necessita, aos trabalhadores de saúde da comunidade em mais de 20 países da África Subsaariana.
Criado em Agosto, o Fundo de Acção Contra a COVID-19 para África (CAF-Africa) visa angariar 100 milhões de dólares em cerca de um ano. O fundo baseia-se num compromisso de 10 milhões de dólares da Direct Relief, uma organização humanitária internacional, com o apoio da Crown Family Philantropies e de contribuições em espécie de mais de 30 parceiros.
Madeleine Ballard, directora-executiva da Coligação para o Impacto na Saúde Comunitária, parceira da CAF-Africa, defendeu o projecto durante um fórum virtual.
“Os trabalhadores de saúde da comunidade estão na linha da frente, que previne, protege e responde a este surto,” disse Ballard.
Ela observou que os trabalhadores de saúde da comunidade são responsáveis por fazer os testes de malária, administrar vacinas, fazer a gestão de casos de malnutrição, fazer o rastreamento de contactos e fornecer cuidados domiciliários aos pacientes da COVID-19.
“Nenhum destes serviços pode ser feito por telefone, a 2 metros de distância ou apenas com uma máscara caseira,” disse Ballard. “É a redução deste tipo de serviços que, muitas vezes, mata mais do que a própria pandemia. Vimos isso durante o surto do Ébola, e infelizmente já estamos a ver isso agora, devido à falta de EPI para funcionários da linha da frente.”
O pico da transmissão comunitária e a falta de EPI causaram um aumento de 203% em infecções pela COVID-19 entre funcionários do sector de saúde em África, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Desde que a pandemia começou, a demanda no mundo inteiro por EPI — tal como máscaras cirúrgicas, luvas e protectores oculares — aumentou para 100 vezes acima do normal, enquanto os preços subiram vertiginosamente para 20 vezes mais.
O fundo “é um esforço valioso e essencial para mobilizar EPI para proteger os nossos heróis da linha da frente: os trabalhadores de saúde da comunidade,” Agnes Binagwaho, vice-reitora da Universidade da Equidade Global em Saúde (University of Global Health Equity) e antiga Ministra de Saúde do Ruanda, disse na página directrelief.org.
“Através da prevenção da propagação da doença nas suas comunidades enquanto garantem uma continuidade de prestação de cuidados primários, os trabalhadores de saúde da comunidade desempenham um papel fundamental em todas as epidemias, especialmente a da COVID-19,” disse Binagwaho. “Sendo assim, é essencial que nós, como uma comunidade global, possamos garantir que eles recebam respeito, apoio e protecção.”
Desde a sua fundação, a CAF-Africa financiou a entrega de quantidades significativas de EPI a vários países africanos.
Entre 23 e 30 de Novembro, a organização doou 16 milhões de máscaras, do fabricante BYD Care, a República Democrática do Congo, Malawi, Moçambique e Zâmbia. A doação incluiu 1 milhão de máscaras cirúrgicas e 15 milhões de máscaras para serem utilizadas durante as visitas clínicas, de acordo com a cafafrica.org.
No dia 20 de Novembro, o fundo fez a entrega de quase 2,5 milhões de peças de EPI à Serra Leoa, em colaboração com o UNICEF. O Ministério de Saúde do país planificou distribuir 2,2 milhões de máscaras cirúrgicas, 320.000 pares de luvas e 40.000 viseiras a 13.500 trabalhadores de saúde da comunidade.
“Os trabalhadores de saúde da comunidade são seres humanos. Eles precisam de EPI porque precisam de se proteger de contactos durante as interacções presenciais com a comunidade,” Elizabeth Musa, coordenadora nacional do programa de trabalhadores de saúde da comunidade, disse num artigo da cafafrica.org.
Dois dias antes da doação da Serra Leoa, a CAF-Africa anunciou o envio de 1,5 milhões de máscaras e aproximadamente 46.000 viseiras para Moçambique; 1,5 milhões de máscaras, aproximadamente 500.000 luvas e 20.300 viseiras para Zimbabwe e 18.100 viseiras para Lesotho.