EQUIPA DA ADF
O pôr-do-sol em tons de púrpura e as brumas do poderoso Mosi-oa-Tunya saudaram os comandantes de todo o continente que se reuniram em Livingstone, na Zâmbia, na 12.ª Cimeira das Forças Terrestres Africanas, de 22 a 26 de Abril.
O tema “Soluções Regionais para Problemas Transnacionais” desmentiu o cenário sereno do Rio Zambeze enquanto este se arrastava em direcção ao seu destino em Mosi-oa-Tunya, conhecido por muitos como Victoria Falls, uma das sete maravilhas naturais da Terra.
Para além do cenário natural, a cimeira teve também como pano de fundo desafios regionais como a continuação do extremismo violento na província moçambicana de Cabo Delgado, o caos no Sahel e os grupos armados que assolam o leste da República Democrática do Congo (RDC).
“A instabilidade em qualquer lado é instabilidade em todo o lado,” disse o Tenente-General Dennis Sitali Alibuzwi, comandante do exército da Força de Defesa da Zâmbia. Alibuzwi foi o anfitrião do evento juntamente com o Major-General Todd R. Wasmund, dos Estados Unidos, comandante-geral da Força-Tarefa do Exército dos EUA para o Sul da Europa e África.
Alibuzwi disse à ADF que era importante que a Zâmbia acolhesse a cimeira porque pensava que iria beneficiar os parceiros estratégicos da região.
Além disso, considera que uma parceria com o Exército dos EUA seria benéfica porque “penso que estão muito avançados em termos de compreensão dos desafios transnacionais através da tecnologia e penso que a Zâmbia poderia beneficiar disso, da transferência de tecnologia para compreender como estes desafios podem ser enfrentados.”
Além disso, com a proximidade da Zâmbia de regiões problemáticas como o leste da RDC e o norte de Moçambique, a cimeira permite à Zâmbia aprender as melhores práticas de outros países e partilhar informações sobre questões como a migração ilegal, os sindicatos do crime organizado e o tráfico de seres humanos e de recursos minerais. “Assim, com estes desafios comuns, encontramos soluções para lidar melhor com eles,” disse Alibuzwi.
Nas suas boas-vindas, o Ministro da Defesa da Zâmbia, Ambrose L. Lufuma, referiu que a África necessita de um ambiente seguro para que o desenvolvimento económico se concretize.
Cerca de 40 países africanos estiveram representados no primeiro dia do evento, prevendo-se a chegada de mais à medida que a semana avançava. Estiveram também presentes militares dos EUA, oficiais da Europa e da América do Sul, académicos e outros especialistas.
Os participantes ouviram e debateram uma série de temas. No dia 23 de Abril, as duas primeiras de quatro sessões plenárias abordaram a forma como o tráfico de seres humanos e a migração afectam a segurança e como o ambiente pode prejudicar a segurança regional. As outras duas abordaram as organizações criminosas transnacionais e a colaboração em matéria de segurança regional, nos dias 24 e 25 de Abril, respectivamente.
As sessões plenárias incluíram um painel moderado de peritos que falaram sobre o tema principal e responderam às perguntas dos comandantes de terra. Após as sessões plenárias, os comandantes organizaram-se em pequenos grupos de discussão, nos quais puderam aprofundar os debates sobre os desafios comuns abordados no grupo maior.
“Desafios como o tráfico de seres humanos, a migração em massa, a degradação ambiental e as alterações climáticas causam estragos e um sofrimento humano indescritível,” afirmou Wasmund. “Estas questões transcendem as fronteiras nacionais, subvertem a soberania, atravessam jurisdições e sobrecarregam os recursos nacionais. Nenhum país pode resolver estes desafios sozinho.”
Foram realizadas sessões plenárias semelhantes para os líderes seniores alistados na cimeira. Os temas abordados incluíram a formação de equipas, a competição, o desenvolvimento de competências e o moral.
No final da semana, os participantes foram a uma plantação de árvores no Instituto de Estudos Empresariais e de Engenharia de Livingstone e assistiram a uma demonstração das forças especiais do Exército da Zâmbia na base da Força Aérea da Zâmbia em Livingstone.
No entanto, o evento não foi só trabalho. Os participantes desfrutaram das melhores actividades que Livingstone — a capital do turismo da Zâmbia — tem para oferecer. Os barcos levaram os participantes num passeio de duas horas pelo Rio Zambeze, onde os focinhos dos hipopótamos quebraram a superfície da água e o sol entregou o céu a uma lua quase cheia. E, claro, houve uma visita a Vitoria Falls.
A cimeira foi encerrada com uma cerimónia na manhã de 26 de Abril.