EQUIPA DA ADF
A ideia de uma COVID-19 híbrida, que funde as variantes Delta e Ómicron da COVID-19, deixa os cientistas preocupados.
A Delta, que primeiramente emergiu na Primavera de 2021, ataca os pulmões e possui uma elevada taxa de mortalidade em comparação com as variantes anteriores. Actualmente, a Ómicron é a estirpe dominante em todo o mundo, devido à sua capacidade de evitar os sistemas imunológicos e propagar-se com maior facilidade.
A Iniciativa Global de Partilha de Todos os Dados de Gripe (GISAID) confirmou a existência de uma combinação das duas estirpes, que recebeu a alcunha de “Deltacron,” em Março de 2022, e disse que tinha estado em circulação desde o início de Janeiro.
A GISAID é uma organização de cientistas de todo o mundo. Eles analisaram os dados virais e chamaram-nos de a “primeira evidência sólida de um vírus recombinante.”
Um destes híbridos apareceu recentemente na África do Sul.
Túlio de Oliveira, director do Centro de Resposta Epidémica e Inovação, da África do Sul, chamou a atenção para um novo vírus recombinante do SARS-CoV-2, naquele país, quando publicou no Twitter sobre o vírus para as suas dezenas de milhares de seguidores.
“Agora este [é] oficialmente descrito como um recombinante da Delta e da Ómicron e recebeu o nome ‘XAY,’ escreveu no dia 26 de Agosto. “Neste momento, estamos em alerta, mas não preocupados.”
Quando os vírus carregam consigo uma combinação de genes de duas variantes, os cientistas os chamam de recombinantes. A XBC e a XAW são duas outras estirpes recombinantes Deltacron actualmente em circulação.
“Muitas vezes, a recombinação é uma forma através da qual aparecem pandemias de gripe,” Dr. Mike Ryan, director-executivo da Organização Mundial de Saúde para emergências de saúde, disse em Março. “Por isso, temos de ter muita cautela … temos de observar estes eventos recombinantes com muita, muita atenção.”
A prevalência de casos de COVID-19 de variantes XAY era extremamente baixa, menos de 3%, quando foi descoberta na África do Sul, em Agosto, e permaneceu desta forma até aos últimos relatórios, no dia 11 de Novembro.
Dr. Etienne Simon-Loriere, um virologista do Instituto Pasteur de Paris, disse que a recombinação não é nada nova, mas deve-se prestar muita atenção.
“Esta não é uma nova preocupação,” disse ao The New York Times, acrescentando que a Deltacron ainda não demonstrou a capacidade de aumentar exponencialmente.
“A superfície dos vírus é muito semelhante à Ómicron, por isso, o corpo irá reconhecê-lo assim como reconheceu a Ómicron.”
À medida que novos genomas são carregados na base de dados da GISAID diariamente, os cientistas estão plenamente cientes do perigo representado pela estirpe Deltacron, com simplesmente a combinação errada de características de cada variante.
Ryan disse que os países deviam continuar a tomar precauções contra outras propagações do vírus, incluindo o uso de máscara, a lavagem das mãos e o distanciamento social.
Cada nova infecção pela COVID-19 é uma oportunidade para que novas variantes evoluam.
“Somos capazes de gerir muitos destes riscos,” disse Ryan, “Mas os riscos irão continuar e existe uma necessidade de fazer-se uma monitoria daquele risco. E é necessário que continue por um tempo muito longo.”
Quanto à XAY na África do Sul, de Oliveira disse que um dos seus colegas sugeriu que se pronunciasse “X-YAY.”
“Claramente, esperamos e temos espectativa de que esta seja apenas uma das nossas brincadeiras para manter o trabalho leve, uma vez que até agora [a XAY possui] uma prevalência muito baixa,” publicou no Twitter, em Agosto.
Até Novembro, de Oliveira estava feliz em poder partilhar uma actualização no Twitter.
“Boas notícias sobre as variantes da COVID-19,” escreveu. “As actuais sublinhagens BQ.1 e XBB não estão a causar vagas de infecções mortais no mundo.
“Na África do Sul, que muitas vezes vê as coisas cedo na evolução da Ómicron, a baixa prevalência da BQ1 e XBB não é causa de grande preocupação.”