EQUIPA DA ADF
A Conferência dos Chefes de Defesa Africanos (CHoD) de 2023, que decorre anualmente, ofereceu uma oportunidade rara para que os líderes militares africanos aprendam dos seus colegas comandantes sobre as linhas da frente de algumas das batalhas mais agressivas do continente.
Muitos argumentaram que os chefes de defesa devem encontrar novas formas de colher e institucionalizar as lições que as suas tropas aprendem no terreno.
“Nos exércitos e nas tarefas que todos nós temos, aprender é uma responsabilidade de comando,” Comandante da Força de Defesa do Botswana, Tenente-General Placid Segokgo, disse aos participantes. “Deve seguir verticalmente da base ao topo e do topo à base. Deve seguir horizontalmente para influenciar a nível dos pares. Como uma instituição, deve encorajar um ambiente de aprendizagem.”
Mas durante a sessão de perguntas e respostas, próximo do fim do quarto dia da conferência, alguns perguntaram se estava a ser feito o suficiente para aprender as eleições das lutas contra o terrorismo no continente.
“Quais são as lições aprendidas da luta contra o terrorismo e como as podemos avaliar de modo a fazermos melhor? Que lições podemos retirar a partir daqui para que possamos dizer que amanhã faremos melhor,” perguntou o General Jean Bosco Kazura, Chefe do Estado-Maior da Força de Defesa do Ruanda.
Líderes militares seniores de 43 países africanos sentaram-se atentos enquanto o Brigadeiro-General Scech Aues Mao’Mahad, adido de defesa da Somália em Roma, partilhou conhecimento aprendido da forma mais difícil da violência que assolou a sua terra natal.
Claro, ninguém tem a resposta, disse ele. Mas os somalis têm a experiência, que pode ser um começo.
“O verdadeiro problema é que nós não ouvimos o povo,” disse. “Não prestamos serviços. Não providenciamos alimentos e água, nem energia. O povo prefere os terroristas ao governo.”
Enquanto alguns líderes sentavam-se com rostos rígidos, outros sorriam, enquanto a conferência calmamente entrava num debate excepcionalmente valioso.
Eles tinham reunido na Conferência dos CHoD de 2023, em Roma, de 27 de Fevereiro a 2 de Março, para criarem ligações e parcerias e ajudarem a encontrar soluções africanas para os desafios de segurança africanos.
Conseguiram fazer isso e não só.
O tema do evento deste ano foi “Como os Recursos e os Requisitos Afectam a Nossa Mútua Realidade e Reputação.” Cinco debates do painel e um orador principal abordaram a instabilidade, a protecção de recursos, a maximização da tecnologia e a preparação e resposta a crises juntamente com outros desafios.
Dezenas de líderes militares usaram a oportunidade para criar e melhorar relações, aumentar as parcerias e debater as suas visões partilhadas para o futuro da coordenação multinacional, operações e interoperabilidade em África.
As cinco discussões do painel interligado foram: Principais indicadores de instabilidade; Protecção de recursos; Preparação e Resposta a Crises a Partir de uma Abordagem Regional; Próximas Fronteiras da Tecnologia; e um segmento de “lições aprendidas” centrado no ensino institucionalizado.
A estabilidade foi um elemento fundamental que dominou toda a conferência, com debates sobre as principais causas, os indicadores e as direcções da instabilidade.
Em apenas alguns minutos, Mao’Mahad contou histórias e partilhou as lições que aprendeu na Somália. Lidar com a insegurança é apenas uma das formas de levantar um país.
“Temos de voltar para o povo,” disse. “Temos de ir para uma aldeia e tentar dar-lhes água, tentar dar-lhes medicamento, tentar oferecer escolas, para que o governo esteja presente e seja forte.
“Se houver menos corrupção, mais responsabilização e transparência, essa, penso eu, será a forma de iniciar a luta contra o terrorismo.”
O comandante do Comando dos Estados Unidos para África, que patrocina a conferência anual, concluiu, partilhando gratidão pelo debate aceso durante todo o evento.
“Fiquei muito grato por aqueles que contribuíram com algumas verdades desconfortáveis, aqueles que desafiaram os nossos pressupostos,” disse o General do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Michael Langley.
“É disso que precisamos. Porque na planificação operacional e de campanhas, quando não se desafiam os seus pressupostos, fica-se destinado ao fracasso.”
Langley expressou o seu optimismo pelo continente depois de passar tempo com os seus principais líderes militares analisando as capacidades e encontrando objectivos comuns.
“Olhamos para os nossos esforços de cooperação de segurança como uma conta de investimento e o juro composto é algo bonito,” disse. “Iremos investir em países que se encontram no seu ponto mais baixo e iremos continuar a investir naqueles que se encontram no seu ponto mais elevado.
“Temos a confiança de que os nossos investimentos, as nossas relações, irão crescer exponencialmente e, a longo prazo, terão resultados de segurança positivos para o povo de África e do mundo em geral.”
Segokgo, do Botswana, teve um outro conselho para os participantes: não parem de colher essas lições.
“A responsabilidade de aprender é uma responsabilidade que está implícita,” disse Segokgo aos outros comandantes. “Se pararmos de aprender, então, é melhor submetermos o nosso pedido para sermos dispensados das responsabilidades que temos.”