EQUIPA DA ADF
Foram registados 1 milhão de novos casos de COVID-19 em África no mês passado — o aumento mais rápido de casos desde o início da pandemia, impulsionado em grande medida pela variante Delta.
Também houve um aumento exponencial das mortes, crescendo 40% em cinco semanas, para mais de 155.500 até meados de Julho. Vários estudos em África sugerem que o verdadeiro número de mortes pela COVID-19 é significativamente maior do que o registo oficial.
“Enquanto este aumento acentuado assola África, estamos a testemunhar um brutal custo em perda de vidas,” disse Dra. Matshidiso Moeti, directora do escritório regional da Organização Mundial de Saúde para África, durante uma recente conferência de imprensa.
A variante Delta apareceu em 21 países. Os cinco que comunicaram o maior número de novos casos são África do Sul, Tunísia, Zâmbia, Namíbia e Zimbabwe. São responsáveis por 64% dos casos da variante Delta no continente. A África do Sul e a Zâmbia estão a ficar sem camas de cuidados intensivos.
O pico da variante Delta está a motivar um rápido aumento das hospitalizações, prejudicando sistemas de saúde que já tinham dificuldades em prestar serviços essenciais às suas comunidades. Os hospitais têm cerca de um terço do oxigénio médico de que necessitam, disse Moeti.
Acelerar o fornecimento de oxigénio é uma prioridade para a OMS, disse ela.
Também observou que o continente levou três meses para passar de 4 milhões para 5 milhões de casos. Em meados de Julho, a contagem dos casos era de 6,1 milhões, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
Moeti descreveu o novo número como um “marco sombrio.”
O Director do Africa CDC, John Nkengasong, disse que o acesso às vacinas continua a ser o maior desafio para quebrar a mais recente vaga da COVID-19. Actualmente, pouco mais de 1% dos 1,3 bilhões de habitantes de África estão totalmente vacinados. Muitos outros estão parcialmente vacinados após receberem uma dose de uma vacina de duas doses.
A implementação da vacina em África estagnou em cerca de 3 milhões de doses por semana — um número que precisa de ser aumentado, disse Moeti.
Para reforçar o fornecimento de vacinas em África, espera-se que a sul-africana Aspen Pharmacare comece a disponibilizar, em Agosto, cerca de 400 milhões de doses da vacina de dose única da Johnson & Johnson, produzidas localmente. A vacina será distribuída pela Equipa-Tarefa Africana para Aquisição da Vacina aos países de todo o continente.
A vacina da J&J provou ser eficaz contra a variante Delta, tal como as vacinas de duas doses da Pfizer, da Moderna e da AstraZeneca.
As pessoas que recebem a vacina da J&J ficam totalmente imunizadas duas semanas depois de receberam a injecção. No caso das vacinas de duas doses, a vacinação completa entra em vigor duas semanas após a segunda dose. Até as vacinas produzirem todos os efeitos, as pessoas continuam a correr o risco de contrair o vírus que causa a COVID-19.
Cada novo caso da COVID-19 é uma nova oportunidade para a mutação do vírus numa nova variante, potencialmente mortal. Com as vacinas ainda em fornecimento limitado, os profissionais de saúde pública de África continuam a enfatizar a necessidade de as pessoas se protegerem de outras formas.
Contudo, a desinformação continua a assolar os esforços de saúde pública em fazer com que as pessoas tomem precauções, o que significa que as pessoas chegam aos hospitais com casos graves de infecção pela COVID-19, de acordo com o médico namibiano, Ismael Katjitae.
O Africa CDC e a operadora de telefonia móvel MTN anunciaram recentemente a campanha de marketing “one more push” (mais um empurrão, em Inglês) para apelar as pessoas não vacinadas a continuarem a usar máscaras, a lavarem as mãos e a praticarem o distanciamento social, para prevenir a propagação da COVID-19.
O PCA da MTN, Ralph Mupita, disse que a nova campanha foi impulsionada pela dificuldade que África teve em adquirir as vacinas.
“Sentimos que precisamos de regressar aos princípios básicos,” disse Mupita. “Um desses é o uso da máscara.”