A pandemia da COVID-19 ainda não acabou, mas novas infecções e registo de mortes baixaram significativamente em África, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os casos registados reduziram durante 16 semanas consecutivas, enquanto as mortes baixaram por oito semanas seguidas, comunicou a OMS no dia 14 de Abril. Esse período marcou o mais longo declínio consecutivo de novas infecções e de mortes desde que a pandemia começou.
Em todo o continente, as novas invenções baixaram de um pico de mais de 308.000 casos por semana, no início do ano, para menos de 20.000 na semana que terminou no dia 10 de Abril. Neste momento, nenhum país africano registou um aumento de casos de COVID-19.
“Apesar do decréscimo no número de infecções, é importante que os países continuem vigilantes e mantenham as medidas de vigilância, incluindo a vigilância genómica para detectar rapidamente variantes da COVID-19 em circulação [e] melhorar a testagem,” Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África, disse na página da internet da organização. “Com o vírus ainda a circular, o risco de surgimento de variantes novas e potencialmente mais mortais continua, e as medidas de controlo da pandemia são cruciais para uma resposta eficaz a um aumento nas infecções.”
Com o número de infecções a baixar, vários países aliviaram as medidas preventivas, tais como vigilância e quarentena, deixando de exigir o uso de máscaras e permitindo grandes aglomerados. O relaxamento de medidas preventivas permitiu que as empresas reabrissem e trouxe os turistas de volta ao continente.
A OMS apelou os governos para medirem o risco do relaxamento das medidas, compreendam a capacidade dos seus sistemas de saúde e a imunidade da sua população à COVID-19 e medirem as prioridades socioeconómicas nacionais. A agência também aconselhou que os governos devem ter passos em vigor para restabelecer as medidas de prevenção de forma rápida caso seja necessário.
Especialistas afirmam que existe um grande risco de uma nova vaga de infecções no hemisfério sul à medida que a época fria se aproxima. As vagas anteriores da COVID-19 em África coincidiram com temperaturas mais baixas.
No início de Abril, cientistas do Botswana e da África do Sul detectaram duas novas formas da variante Ómicron, mas não ficou imediatamente claro se elas eram mais transmissíveis ou perigosas.
Até ao dia 24 de Abril, o continente havia registado mais de 11,4 milhões de infecções por COVID-19 e mais de 252.000 mortes, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. Mas especialistas afirmam que as verdadeiras estatísticas provavelmente sejam muito mais elevadas devido à falta de testagem, registos vitais inadequados feitos pelos governos nacionais e provinciais e uma grande proporção de mortes que ocorrem longe dos hospitais.
Cerca de 65% da população do continente provavelmente tenha estado infectada com a COVID-19, mas a maior parte das pessoas eram assintomáticas, comunicou a OMS no início de Abril.
Moeti disse que o estudo da OMS sugere que as estatísticas oficiais do continente provavelmente sejam “uma parte superficial da verdadeira dimensão de infecções pelo coronavírus em África.”
Um novo estudo demonstrou que o “número de infecções pode ser até 97 vezes mais elevado do que o número de casos confirmados registados,” disse Moeti numa reportagem da Al-Jazeera.
Especialistas acreditam que a população jovem de África e o menor número de incidência de doenças crónicas como diabetes e doenças cardíacas, assim como temperaturas mais elevadas, ajudaram a evitar vagas maiores e mais mortais da COVID-19, de acordo com uma reportagem da Voz da América.