EQUIPA DA ADF
Num edifício próximo do Aeroporto Internacional O. R. Tambo, em Joanesburgo, África do Sul, um Labrador retriever, chamado MacGyver, demonstra as suas habilidades de detective numa apresentação de apenas alguns segundos.
Treinado para farejar a diferença entre amostras de suor de pacientes positivos e negativos para a COVID-19, MacGyver pára e senta-se em frente a uma amostra positiva em cada teste, com a sua boca a salivar, pois a sua precisão de 100% é recompensada com um regalo.
“A COVID possui um cheiro muito particular,” endocrinologista sul-africana, Tess van der Merwe, disse à eNews Channel Africa TV. “É porque liberta secreções muito específicas de carbonos voláteis.”
Enquanto a pandemia ainda paira em muitas partes do mundo, a detecção canina está a ser testada como uma forma não dispendiosa e simples de rastrear a doença.
Na África do Sul, a RAPS K9 Law Enforcement, uma empresa de segurança privada que mobiliza cães para farejarem drogas e explosivos ilegais em aeroportos, também está a ensiná-los a detectar a COVID-19.
Em 2021, a RAPS disse que estava pronta para destacar os seus cães para os aeroportos da África do Sul, mas o formador principal, Gideon Treurnich, disse que existem diferentes abordagens a ter em conta.
“Uma é de farejar fisicamente os passageiros,” disse à Voz da América. “O outro método de destacamento é onde se pede aos passageiros uma amostra de suor.”
Numa actualização para a ADF, Treurnich disse que embora os cães fossem capazes de detectar amostras positivas com 93% a 96% de precisão, constrangimentos relacionados com financiamento e barreiras burocráticas impediram que o projecto fosse utilizado num ambiente público.
“Embora não tenhamos sido capazes de mobilizar os nossos cães em termos operacionais, nem tudo foi em vão. Ganhamos muito conhecimento num campo novo e sabemos exactamente como lidar com este tipo de treino,” disse Treurnich à ADF.
Vários estudos confirmaram a eficácia dos cães treinados no rastreamento da doença.
O mais recente, um estudo pré-impresso da França, publicado na página da Internet, medRxiv, no dia 8 de Março, revelou que os cães tinham 97% de precisão em detectar o suor de voluntários infectados com a COVID-19 e 100% de precisão em detectar a infecção em amostras de suor de voluntários assintomáticos.
Eles também identificaram amostras de suor de voluntários que não estavam infectados em 91% das vezes e eram 94% precisos em descartar a possibilidade de infecção em pessoas sem sintomas.
“A testagem canina não é invasiva e fornece resultados imediatos e confiáveis,” escreveram os autores do estudo. “Outros estudos estarão centrados no acto de farejar feito de forma directa pelos cães para avaliar o uso de cães farejadores para pré-testes em massa em aeroportos, portos, estações ferroviárias ou em eventos de actividades culturais ou desportivas.
Os cães já foram utilizados em outros lugares do mundo para detectar a COVID-19, da Finlândia à Tailândia. África do Sul não seria o primeiro país do continente a utilizar caninos farejadores de COVID; o Ruanda lançou um programa piloto em Junho de 2021.
A RAPS acredita que os cães podem ser uma ferramenta importante em locais de elevado tráfico como estações ferroviárias e aeroportos.
“O vírus não irá simplesmente desaparecer,” Director de Operações da RAPS, Robbie Roberts, disse à VOA. De qualquer modo, treinar cães é “um processo de longa duração, para certificar que seja bem-sucedido. A partir daí podemos expandir para outros países de África.”