EQUIPA DA ADF
Cerca de 100 homens armados em motorizadas mataram 18 civis em Kaobagou, no Benin, perto da zona da tríplice fronteira com o Togo e o Burquina Faso, no início de Maio.
Os sobreviventes disseram que 15 vítimas tinham a garganta cortada, uma bomba caseira estava presa a um dos corpos e 12 aldeões estavam desaparecidos. Todas as vítimas eram jovens.
Tratou-se do décimo incidente envolvendo grupos extremistas violentos ou provocado por tensões intercomunitárias em Kaobagou desde 3 de Fevereiro, informou o Instituto Holandês de Relações Internacionais Clingendael. Kaobagou é uma divisão administrativa sob a jurisdição da comuna de Kérou.
“Precisávamos mesmo desta barbaridade? Em nome de quê?” Kamel Ouassagari, deputado da oposição de Kérou, declarou na sua página do Facebook. “Não há palavras capazes de aliviar esta dor.”
A violência na região tem sido implacável. Um dia após o massacre de Kaobagou, três civis foram mortos — com as gargantas cortadas — e um foi raptado na aldeia vizinha de Guimbagou.
Apelo à Cooperação Civil
Na sequência do ataque a Kaobagou, o governo do Benin apelou também aos civis para que denunciem às autoridades qualquer actividade suspeita.
Como Jannine Ella Abatan, investigadora sénior do Instituto de Estudos de Segurança, referiu num recente artigo de opinião, as autoridades beninenses confiam há anos na Agência Beninense de Gestão Integrada do Espaço para promover a segurança e o desenvolvimento nas zonas fronteiriças.
A agência presta serviços sociais destinados a reforçar a confiança da comunidade nas forças de defesa e segurança e trabalha para dissuadir os residentes locais de aderirem a organizações extremistas violentas.
O Benin também implementou o policiamento comunitário e as suas forças armadas estabelecem contactos com os civis, oferecendo cuidados de saúde às comunidades. Isso lhes permite familiarizarem-se com os residentes locais e encoraja-os a colaborar e a informar as forças de segurança sobre ameaças.
O governo do vizinho Togo também pediu ajuda aos civis, uma vez que os grupos extremistas violentos procuram expandir o seu território da região do Sahel em direcção ao Golfo da Guiné. Como Abatan observou, o Togo criou o Comité Interministerial para a Prevenção e Luta contra o Extremismo Violento em 2019.
Tal como o Benin, o Togo tem registado um aumento da violência contra civis. Ataques nas aldeias de Tola e Gningou, na região de Savanes, no Togo, mataram 31 civis no início de Fevereiro.
O comité tem por missão “[erradicar] ou [reduzir] significativamente a propagação do extremismo violento em todo o território togolês” e reforçar “a cooperação e a colaboração entre a administração, as forças de defesa e segurança e a sociedade civil,” declarou o governo togolês num comunicado.
A Operação Koundjoaré, do exército togolês, visa reforçar a segurança ao longo da fronteira com o Burquina Faso. A operação consiste em fornecer consultas médicas gratuitas aos residentes locais para os incentivar a contribuir para os esforços de informação.
Garantir a Segurança dos Civis
No entanto, à medida que os ataques aumentam, o Benin e o Togo precisam de garantir a segurança dos civis se quiserem continuar a contar com o seu apoio, argumentou Abatan. Os extremistas ameaçaram com represálias contra os civis que cooperam com as forças do Estado e os seus parceiros.
Abatan argumentou que as forças de segurança devem ser “intransigentes” na protecção das suas fontes e que as interacções entre as forças de segurança e os civis devem incluir conversas que ajudem o Estado a responder de forma mais eficiente às necessidades da comunidade.
“À medida que a ameaça evolui, o impacto das várias respostas sobre os civis deve ser continuamente avaliado para que possam ser feitos os ajustes necessários,” escreveu Abatan. “Isso permitirá que as autoridades do Benin e do Togo respondam às necessidades da população e garantam a sua segurança — uma receita essencial para uma colaboração a longo prazo entre o Estado e a sua população.”