EQUIPA DA ADF
Enquanto a COVID-19 continua a assolar o mundo, as autoridades de saúde da Nigéria lançaram uma nova arma na sua luta pela verdade: o HealthBuddy, um chatbot que pode responder às perguntas das pessoas através do telemóvel.
Com mais de 67.500 casos e 1.130 mortes até ao final de Novembro, a Nigéria é o país da África Ocidental com o maior registo da COVID-19. Os líderes nigerianos decretaram o fim de um período de confinamento obrigatório de dois meses, em Maio, e reabriram o aeroporto internacional do país, no final de Agosto. Para complicar mais as coisas, as ordens de uso da máscara estão a ser amplamente ignoradas em Lagos e em outras grandes cidades do país.
Quando a COVID-19 chegou na Nigéria, no início deste ano, veio com um surto de desinformação que ajudou na propagação de infecções em todo o país, apesar das tentativas das autoridades para parar a transmissão através de ordens para se ficar em casa e mandatos para se usar a máscara.
“Temos nigerianos que ainda não acreditam que a COVID é grande o suficiente para prejudicar as suas vidas,” Dr. Chima Okona, secretário-executivo da Associação de Médicos e Dentistas Cristãos da Nigéria, disse à televisão nigeriana, Plus TV Africa.
A desinformação inclui alegações de que a COVID-19 é uma farsa, os nigerianos estão imunes à COVID-19 e que esta pode ser curada com remédios caseiros. Em muitos casos, os rumores que começam nas redes sociais chegam até aos jornais e às rádios e televisões, permitindo que a informação falsa prolifere.
É aí onde entra o novo chatbot. A tecnologia está disponível através do Serviço de Mensagens Curtas (SMS), significando que qualquer pessoa com acesso a um telemóvel pode aceder sem precisar de internet.
Numa comunicação anunciando o chatbot, as autoridades do Centro de Controlo de Doenças da Nigéria disseram que a nova tecnologia ajudará as pessoas a obterem “informação comprovada, aprovada e precisa sobre a COVID-19 e os esforços do governo para controlar a pandemia.”
A força do chatbot está a fornecer acesso rápido à informação quando as pessoas precisarem dela — e para evitar rumores em tempo real, disse Tanya Accone, conselheira sénior de inovações no UNICEF.
“Através do chatbot, os usuários podem fazer as suas próprias perguntas para ter acesso à informação relevante sobre a pandemia de que estiverem interessados,” disse Accone à ADF. “Os usuários podem denunciar rumores, que são comparados com os factos sobre as mais recentes pesquisas sobre a COVID-19.”
O chatbot funciona com base no U-report, uma ferramenta que permite que os cidadãos recolham dados e denunciem problemas às autoridades. Através do U-report, o chatbot também se encontra disponível via WhatsApp e Facebook Messenger.
O chatbot junta-se a várias tecnologias semelhantes que visam corrigir falsas informações sobre a COVID-19. A Africa Check, a primeira organização que procura fazer a confirmação dos factos do continente africano, fez o lançamento do seu próprio chatbot chamado Kweli, no início deste ano, via WhatsApp, através do qual as pessoas podem enviar informação para que seja confirmada ou corrigida.
À medida que os países de todo o mundo enfrentam um número cada vez maior de infecções pela COVID-19 — o que potencialmente veio a piorar por causa da quadra festiva, entre agora e o Dia de Ano Novo — as autoridades de saúde da Nigéria esperam que o novo chatbot ajude as pessoas a comportarem-se de forma responsável.
“Permite que as pessoas tenham informação rápida e respostas rápidas,” disse Okona. Ele também considera o chatbot como uma ferramenta importante para encorajar as pessoas a aceitarem a vacina da COVID-19 quando ela chegar.
Okona continua preocupado com a capacidade do chatbot para vencer a falsa informação, em particular nas zonas rurais, onde os rumores muitas vezes chegam a alcançar níveis muito difíceis de reverter.
Eles têm de acreditar que é algo valioso para eles, que é um problema fundamental,” disse Okona, referindo-se aos residentes das zonas rurais. “A COVID está a ser considerada por mais de metade dos nigerianos hoje como algo menos sério do que a malária ou a febre tifóide.”
Pode-se aceder ao chatbot gratuitamente, em todas as redes, via SMS, enviando uma mensagem com a palavra “coronavírus” para o número abreviado 24453.