EQUIPA DA ADF
Com o pior momento da vaga da variante Ómicron de África a retrair-se, os especialistas em matéria de saúde pública do continente apelam os países para aproveitarem a oportunidade para estarem prontos para a próxima vaga da COVID-19.
“Podemos estar cansados, mas o vírus não está cansado,” Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) disse recentemente. “Haverá uma próxima vaga — que não haja dúvidas quanto a isso.”
Os números de novos casos e de mortes pela COVID-19 reduziram bastante desde que a vaga da Ómicron atingiu o pico por volta do início deste ano. Ao longo do mês de Fevereiro, os novos casos baixaram em 25% em toda a África e as mortes baixaram em 22%, de acordo com John Nkengasong.
Até ao dia 11 de Março, o Africa CDC havia registado 251.000 mortes por COVID-19 no continente. Pesquisas feitas na contagem de mortes em excesso de África sugerem que o total real pode ser cerca de três vezes aquele número.
A positividade de casos continua elevada, perfazendo uma média de 11% a nível do continente, embora alguns países como Quénia e África do Sul tenham visto os seus números de positividade alcançarem 5% ou menos. A taxa de positividade abaixo de 5% é o ponto em que a Organização Mundial de Saúde recomenda o alívio das restrições sociais concebidas para acabar com a propagação do vírus.
“Com o vírus a circular a um nível tão intenso, estamos preocupados com a sua contínua evolução. Este vírus ainda está a evoluir,” a epidemiologista Maria Van Kerkhove, da Organização Mundial de Saúde, disse durante um recente comunicado de imprensa.
Assim como as vagas anteriores, a próxima vaga de infecções será impulsionada por uma nova variante, de acordo com os investigadores. Ainda não se sabe que variante será nem como irá comportar-se.
“Entre as vagas, temos aproximadamente três meses em que as infecções são ligeiramente baixas,” epidemiologista sul-africano, Salim Abdool Karim, disse à rádio Jacaranda FM. “Temos de usar este tempo para nos prepararmos para a próxima vaga.”
Isso significa voltarmos a produzir stocks de oxigénio hospitalar, acrescentar camas dos cuidados intensivos, fornecer medicamentos antivirais e investir mais dinheiro nos sistemas nacionais de saúde, disseram os especialistas.
“Muitas pessoas perderam a vida. Muitas pessoas perderam os seus meios de subsistência,” disse Van Kerkhove. “Vamos honrá-los, certificando que investimos e melhoramos esses sistemas agora. Não pode haver desculpa.”
A testagem continua a ser uma parte crucial da preparação para a próxima vaga, disseram os especialistas. A testagem generalizada pode alertar os países sobre novas variantes potencialmente prejudiciais e dá-lhes tempo para criarem as suas defesas.
A capacidade de testagem e a participação de África variaram muito no decurso da pandemia. No seu comunicado de imprensa do dia 10 de Março, Nkengasong disse que a testagem tinha aumentado em 18% em comparação com a semana anterior.
O aumento da imunidade — tanto natural quanto adquirida — pode reduzir o impacto de uma nova variante, mas não existe garantia de que uma nova variante estará controlada por completo, de acordo com Karim. Ómicron, Delta e outras grandes variantes demonstraram que foram capazes de vencer certos níveis de imunidade.
Esta é a incerteza com a qual temos de trabalhar nesta pandemia, disse Karim.