EQUIPA DA ADF
Autoridades dos EUA e do Níger chegaram a acordo sobre um calendário para a retirada das tropas americanas e abriram a porta a uma futura colaboração entre os dois países em questões de desenvolvimento e segurança.
Após cinco dias de discussões, as duas partes emitiram um comunicado conjunto segundo o qual os militares americanos sairão do país até 15 de Setembro.
As delegações dos dois países concordaram com os procedimentos que permitem a entrada e saída de pessoal dos EUA, incluindo autorizações de voo. O Níger confirmou que garantirá a segurança das forças norte-americanas durante a retirada.
No final das reuniões, ambas as partes reconheceram mais de uma década de cooperação bem-sucedida no domínio da segurança.
“O Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o Ministério da Defesa Nacional do Níger recordam os sacrifícios conjuntos das forças nigerinas e norte-americanas na luta contra o terrorismo e louvam os esforços recíprocos para reforçar as Forças Armadas do Níger. As Partes comprometem-se a prosseguir a cooperação em domínios de interesse comum,” refere o comunicado. “A retirada das forças dos EUA do território do Níger não afecta a continuação das relações de desenvolvimento entre os EUA e o Níger.”
A delegação do Departamento de Defesa dos EUA (DoD) foi chefiada pelo Secretário-Adjunto da Defesa para as Operações Especiais e Conflitos de Baixa Intensidade, Christopher Maier, e pelo Director do Desenvolvimento de Forças Conjuntas do Estado-Maior Conjunto, Tenente-General Dagvin Anderson. A delegação do Ministério da Defesa Nacional do Níger foi chefiada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, Coronel Mamane Sani Kiaou.
Nos últimos anos, os EUA tinham cerca de 1.000 militares e civis no país, apoiando as operações na Base Aérea 101 em Niamey e na Base Aérea 201 perto de Agadez. Em 2013, os dois países assinaram um acordo sobre o estatuto das forças, que permitiu aos EUA posicionar aeronaves tripuladas e não tripuladas no país, principalmente para monitorizar os extremistas.
A colaboração foi muitas vezes bem-sucedida. O Níger registou uma redução de 80% nas mortes relacionadas com o terrorismo em 2022. Durante o mesmo ano, outros países do Sahel registaram um forte aumento dos ataques. No entanto, após um golpe de Estado em Julho de 2023, os EUA reduziram as suas operações no Níger. Em Março de 2024, o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), no poder no Níger, anunciou a suspensão da parceria de segurança e solicitou a saída das forças norte-americanas do país.
Os EUA começaram a retirar equipamento sensível, letal e perigoso das duas bases. Planeiam deixar para trás alguns objectos, sendo que os funcionários caracterizam grande parte deles como equipamento de apoio à habitação. Forças mercenárias russas também foram vistas num hangar separado na Base Aérea 101, mas as autoridades dos EUA não acreditam que o equipamento deixado para trás seja partilhado com forças estrangeiras.
“Nas conversas, ficámos com a forte sensação de que eles não tencionam partilhar o equipamento deixado para trás com qualquer outra parte que possa estar aqui ou no futuro,” disse um oficial da defesa à CNN. “Pelo menos por enquanto.”
Após as reuniões, as autoridades dos EUA informaram os jornalistas e disseram que não acreditam que isso marque o fim da relação bilateral.
“Temos uma longa história com eles, que remonta há mais de uma década, e o trabalho com eles no decurso destas discussões provou que essa relação é muito forte,” disse um oficial da defesa dos EUA ao DoD news. “Obviamente, estamos a trabalhar num contexto de uma situação política muito mais difícil.”