EQUIPA DA ADF
A Missão da União Africana na Somália completou, no final de Janeiro, a segunda fase da sua retirada militar quando entregou nove bases militares ao governo somali. A entrega coincidiu com a retirada de 3.000 soldados.
Nas duas primeiras fases da retirada, 5.000 soldados deixaram a Somália e 13 bases militares foram entregues às forças somalis. A missão, conhecida como ATMIS, inclui tropas do Burundi, Djibouti, Etiópia, Quénia e Uganda.
Alhaji Sarjoh Bah, director de gestão de conflitos do Departamento de Assuntos Políticos, Paz e Segurança, da Comissão da UA, afirmou que a segunda retirada indica que a Somália poderá estar preparada para assumir todas as responsabilidades de segurança no país até ao final de 2024, altura em que se espera que a missão se retire completamente.
“A conclusão bem-sucedida desta fase de retirada, apesar dos desafios significativos, incluindo o El Niño [padrão meteorológico], é um testemunho da vontade do Governo Federal da Somália de fazer uma transição ordeira,” disse Bah durante uma cerimónia de entrega em Mogadíscio.
Inicialmente, as autoridades esperavam concluir a segunda fase da retirada da ATMIS no final de Setembro. No entanto, a continuação das ofensivas do al-Shabaab, associada à retirada das forças de zonas anteriormente capturadas, persuadiu o governo somali a pedir um adiamento da retirada.
Planeamento da Fase 3
O planeamento da Fase 3 da retirada começou em Fevereiro, durante uma conferência de quatro dias em que
participaram os comandantes da missão. Prevê-se que esta fase inclua a partida de mais 4.000 soldados em Junho.
O Representante Especial da UA para a Somália e Chefe da ATMIS, Embaixador Mohamed El-Amine Souef, disse acreditar que as forças de segurança estão a entrar na “fase mais crítica da missão.”
“Não é fácil, mas temos de ultrapassar os desafios, mantendo-nos em alerta máximo durante o período de transição,” afirmou Souef num comunicado de imprensa da ATMIS.
O Comandante da Força da ATMIS, Tenente-General Sam Okiding, do Uganda, disse que os comandantes deliberaram sobre uma grande variedade de questões. “Examinámos a situação de segurança da Somália e tivemos em consideração a actual postura do al-Shabaab, bem como o nosso mandato e a situação de segurança pós-ATMIS,” afirmou.
Embora as forças de segurança tenham reconquistado um território significativo ao al-Shabaab, o grupo insurgente é notoriamente resiliente. O al-Shabaab reivindicou a responsabilidade por um ataque a um campo militar em Mogadíscio que matou quatro soldados dos Emirados e um oficial militar do Bahrein, dias depois do fim da conferência da ATMIS.
Em meados de Fevereiro, os terroristas afirmaram ter disparado morteiros contra os campos da ATMIS e do Exército Nacional da Somália na região central de Galgaduud, destruindo vários edifícios, segundo o site de notícias Garowe Online da Somália.
Outro presumível ataque do al-Shabaab matou três pessoas na região central de Mudug, que as forças somalis reconquistaram ao al-Shabaab em Setembro de 2023. Galgaduud e Mudug situam-se no Estado de Galmudug, no centro da Somália.
Bases de Danab
Em Fevereiro, os EUA anunciaram planos para construir pelo menos quatro bases militares em Baydhabo, capital do Estado de Bay Region; Dhusamareb, um distrito de Galgaduud; Jowhar, a capital administrativa da região de Middle Shabelle; e Kismayo. A Brigada Danab do exército somali ficará ligada às novas bases.
“Este acordo ajuda os nossos planos para libertar o país do al-Shabaab e garantir a segurança,” afirmou Mohamud durante uma cerimónia de assinatura.As Forças Armadas da Somália criaram a brigada de 3.000 membros em 2017 para criar uma forte capacidade de infantaria no Exército Nacional da Somália. A percepção pública da brigada tem vindo a melhorar ao longo do tempo e está a recrutar candidatos com formação superior, incluindo pelo menos um médico.A Danab é considerada uma força de ataque rápido de 72 horas e procura constantemente cerca de 350 novos recrutas de cada vez para serem treinados e entrarem no espaço de batalha.