EQUIPA DA ADF
O aumento da violência no Togo por parte dos extremistas alimenta o receio de que o vizinho Gana possa ser o próximo país costeiro da África Ocidental na mira dos grupos terroristas.
A coligação militante Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM) reivindicou a autoria de um ataque, a 20 de Julho, contra as forças do exército togolês em Kpankankandi, perto da fronteira com o Burquina Faso.
Mais de 1.000 combatentes atacaram um quartel do exército togolês, matando pelo menos 12 soldados, destruindo um veículo blindado e fugindo com duas motas, dezenas de armas e milhares de munições, segundo o analista de segurança Zagazola Makama, baseado na Nigéria.
A cerca de 70 quilómetros a oeste, os ganeses interrogavam-se ansiosamente sobre o que o seu país poderia fazer para se proteger de um ataque semelhante.
“O ataque no Togo reforçou o nosso receio de longa data sobre as actividades jihadistas nos países vizinhos, particularmente no Burquina Faso, e é uma grande fonte de preocupação para nós, os monitores dos movimentos jihadistas na sub-região,” Eliasu Tanko, um jornalista local que monitoriza o extremismo na região do Alto Oriente do Gana e arredores, disse à revista The Africa Report.
Milhares de togoleses aterrorizados em Kpendjal, a província mais a nordeste que contém a aldeia de Kpankankandi, têm-se deslocado para oeste, em direcção a Dapaong, a maior cidade do norte, e poderão dirigir-se para o Gana, onde togoleses e burquinabês encontraram abrigo no campo de refugiados de Sapelliga.
Mais de 150 pessoas, incluindo forças de segurança, foram mortas no norte do Togo desde Novembro de 2021, de acordo com Makama. A JNIM, uma afiliada da al-Qaeda, e outros grupos militantes extremistas tomaram conta de mais de metade do Buquina Faso e há muito que procuram expandir-se para os abundantes países costeiros da África Ocidental.
Adib Saani, director-executivo do Centro Jatikay para a Segurança Humana e a Construção da Paz, sediado no Gana, tem uma teoria sobre a razão pela qual o seu país ainda não foi atacado.
“O que aconteceu no Togo é preocupante, mas não surpreendente, porque os extremistas têm atacado o norte do Togo há algum tempo e a situação piorou com a turbulência política no país,” disse ao The Africa Report.
“A única coisa que nos mantém a salvo dos terroristas não é a sua incapacidade de atacar, mas a sua falta de interesse, porque o Gana continua a ser um importante centro logístico para eles.”
“Se os insurgentes atacarem o Gana, será muito mais difícil para eles usarem o Gana como um porto seguro,” o activista pela paz e segurança Clement Aapengnuo disse à revista Foreign Policy. “Nesta altura, o Gana é mais útil sendo estável.”
Tanko disse que o Gana também oferece pontos de venda e contrabando de bens e gado.
“Alguns também têm famílias muito numerosas no Gana e, por isso, não querem fazer nada que chame muito a atenção das forças de segurança daqui,” disse.
Tanko apelou aos dirigentes ganeses para resolverem os problemas socioeconómicos que estão a tornar os residentes locais mais vulneráveis ao recrutamento por grupos terroristas.
“O governo tem de fazer mais para poder combater estas ameaças,” afirmou. “Mais importante ainda, alguns dos problemas que estas comunidades fronteiriças estão a enfrentar em termos de alimentação, água e emprego também devem ser resolvidos.”
As agências de segurança do Gana fizeram poucas declarações sobre a sua abordagem aos recentes acontecimentos ao longo das fronteiras, mas os especialistas acreditam que a comunicação com estas comunidades é fundamental para impedir incursões terroristas.
“Não temos feito o suficiente para combater as ameaças, porque a nossa abordagem tem sido tão unilateral, insustentável e demasiado militarizada,” disse Saani. “As comunidades ao longo das fronteiras devem ser sensibilizadas para que possam ajudar os militares com informações relevantes para manter as fronteiras seguras.”