EQUIPA DA ADF
As forças de segurança quenianas intensificaram as suas operações ao longo dos 680 quilómetros de fronteira com a Somália, em resposta aos recentes ataques do al-Shabaab.
O al-Shabaab, que tem sofrido repetidas derrotas por parte do Exército Nacional da Somália (SNA), lançou ataques contra alvos na Etiópia, no Quénia e no Uganda como represália pela participação destes países na ATMIS, a Missão de Transição da União Africana na Somália.
Uma série de ataques do al-Shabaab contra postos avançados das Forças de Defesa do Quénia nos condados de Garissa, Lamu e Mandera North forçou o governo a recuar nos seus planos de reabertura dos postos fronteiriços com a Somália.
Durante um ataque recente contra um posto militar em Sirari, as forças de segurança mataram um presumível bombista suicida e derrubaram um drone que os combatentes do al-Shabaab estavam a utilizar para recolher informações antes do ataque.
O incidente em Sirari confirmou que os terroristas começaram a incorporar veículos aéreos não tripulados (VANT), ou drones, nas suas operações.
“Isso levanta a preocupação de que o al-Shabaab possa expandir a utilização de drones para fins de vigilância e reconhecimento mais alargados,” a investigadora Ana Aguilera escreveu recentemente para a Global Network on Extremism & Technology.
Essa expansão pode envolver a recolha de informações estratégicas sobre alvos potenciais, a avaliação da força das forças inimigas, a identificação de infra-estruturas e a identificação de locais vulneráveis, acrescentou Aguilera.
Até agora, o al-Shabaab não conseguiu militarizar os seus drones, adicionando-lhes explosivos ou outras armas, como o Boko Haram fez na Bacia do Lago Chade. Isso se deve, em grande parte, ao facto de o grupo estar a utilizar drones disponíveis no mercado, que tendem a ser demasiado pequenos para entregar cargas úteis.
Os drones de grande porte e de nível militar são caros e, normalmente, só são vendidos a actores estatais. Algum que fosse roubado ou capturado seria facilmente localizado se caísse nas mãos do al-Shabaab, escreveu Aguilera.
Nos últimos anos, os drones tornaram-se uma ferramenta vital apreciada tanto pelas forças de segurança como pelos grupos terroristas. As forças armadas de toda a África investiram numa mistura de tecnologias de drones de todo o mundo. Em muitos casos, os drones leves e disponíveis no mercado, preferidos pelo al-Shabaab e por outros grupos terroristas, são provenientes da China.
“A utilização de VANT [drones] representa uma nova iteração da tecnologia digital,” a analista Karen Allen escreveu recentemente para o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
Os drones podem fornecer aos utilizadores informações sobre o horizonte. Os que possuem tecnologia de raios infravermelhos podem ver no escuro, permitindo-lhes funcionar à noite. Em geral, o perfil pequeno dos drones torna-os difíceis de detectar e de abater.
Enquanto o al-Shabaab continua a utilizar drones para observação e recolha de informações, poderá ser apenas uma questão de tempo até o grupo encontrar uma forma de os armar, segundo o investigador Håvard Haugstvedt, da Universidade de Stavanger, na Noruega.
Num artigo publicado na revista Journal of Strategic Security, Haugstvedt refere que o grupo do Estado Islâmico e a al-Qaeda desenvolveram drones armados para serem utilizados nos conflitos do Médio Oriente. Ambos os grupos estão activos em África, o que suscita a preocupação de que possam transferir essa tecnologia para o continente.
“Como os VANT estão disponíveis comercialmente em todo o mundo, os grupos com experiência no fabrico de bombas e conhecimentos técnicos em geral podem desenvolver variações e adaptações locais do que os grupos extremistas fizeram no Médio Oriente na última década,” escreveu Haugstvedt.