EQUIPA DA ADF
Líderes de saúde militar e pública, de toda a África, reuniram-se virtualmente para a conferência da Aliança de Resposta a Surtos de Parceria Africana (APORA) para discutir sobre problemas de saúde pertinentes que o continente enfrenta. A conferência semestral patrocinada pelos Comando dos EUA para a África (AFRICOM) centrou-se em como os países podem trabalhar juntos para responder rapidamente aos surtos de doenças.
O encontro reuniu 94 pessoas de 17 países, incluindo representantes do AFRICOM e do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC dos EUA), juntamente com especialistas oriundos de Burkina Faso, Camarões, República Democrática do Congo (RDC), Quénia, Senegal, Tanzânia e de outras partes de África.
A primeira destas secções, havida no dia 30 de Março, centrou-se em equipas de resposta rápida para lidar com surtos de doenças de forma rápida e quanto mais próximo da fonte possível. O programa continuou nos dias 3 e 6 de Abril.
“Certamente que devemos continuar a trabalhar de forma conjunta para combater esta e outras pandemias em todo o mundo,” Coronel Jonathan Craig Taylor, cirurgião comandante do AFRICOM, disse aos participantes. “A planificação é tão importante quanto qualquer outra coisa que fazemos.”
O surto do Ébola de 2014-16 inspirou a criação da APORA para criar maior cooperação e coordenação entre os países africanos. O surto matou mais de 11.000 pessoas enquanto se propagava por vários países da África Ocidental. Os funcionários de saúde enfrentam muitos desafios para rastrear e prevenir a propagação ao nível interno e nos limites fronteiriços internacionais.
Dr. Mays Shamont, oficial dos serviços de inteligência epidémica, no CDC dos EUA, disse aos participantes que o surto da COVID-19 levou os países do mundo a procurarem por ajuda do CDC para criarem equipas de resposta rápida. As equipas de resposta rápida precisam de estar operacionais muito antes do surgimento de uma emergência, disse ela.
“Precisamos de praticar a resposta rápida para estarmos preparados para os tempos de emergência,” apelou. Quer seja na preparação ou numa emergência real, a resposta precisa de ser guiada pela equipa que mais próximo estiver do incidente, a menos que esta esteja sobrecarregada, acrescentou ela.
A organizadora do evento, a Capitã da Força Aérea dos EUA, Sharon Laughter, especialista em saúde internacional, disse que a conferência virtual criou uma oportunidade valiosa para que países partilhassem informação e ajudassem um ao outro a melhorar as suas respostas para emergências de saúde.
“Cada país-membro demonstra diversas capacidades da linha de base para uma resposta rápida e este evento ajuda na colaboração e distribuição de informação a todos os países-membros,” disse ela.
Os países variam bastante na capacidade de resposta rápida. O Quénia, por exemplo, confia nas redes constituídas localmente e apoiadas pelo exército quando necessário.
“Sempre se espera que os países liderem,” Coronel Christopher Ekkutan, das Forças de Defesa do Quénia, disse na conferência. “Por enquanto, as equipas de resposta rápida são formadas numa base ad-hoc.”
A Libéria, que fez parte do surto do Ébola de 2014, integrou equipas de resposta rápida nos seus protocolos de segurança, de acordo com o Major Joseph B.N. Kowo Jr.
Na RDC, que recentemente registou um surto de Ébola na província do Kivu do Norte, as equipas de resposta rápida consideram a sua missão complicada por causa da falta de segurança e confiança do público, particularmente quando o exército está envolvido, disse Jean-Christophe Shako, director do laboratório de doenças contagiosas no Ministério de Saúde Pública da RDC.
“É melhor deixar a resposta rápida nas mãos de civis,” disse ele.
A logística também representa um desafio nos países grandes com uma disposição geográfica desafiadora, disse.
Nesses casos, as equipas de resposta rápida viajam de carro o mais distante possível, depois fazem o resto da viagem por meio de motorizadas ou a pé. A Organização Mundial de Saúde, por vezes, fornece transporte por meio de um helicóptero se for necessário, acrescentou.
“O epidemiologista deve vencer estes desafios para fazer o seu trabalho,” disse Shako.
Os mesmos desafios podem fazer com que seja difícil que as equipas comuniquem a informação sobre a prevenção para as populações nas zonas do surto, disse.