Ikechukwu Anoke tinha problemas de saúde subjacentes que ele acredita que fazem com que ele seja mais susceptível a sofrer de um caso grave de COVID-19 caso contraia a doença.
Anoke tinha condições para pagar pelo tratamento médico, mas o acesso a cuidados de saúde na sua terra natal, Quénia, representava desafios. Quando a pandemia chegou, Anoke reconheceu a importância da telemedicina e dos cuidados remotos.
O problema não se restringe ao Quénia. Menos de 50% dos africanos podem ter acesso a instalações modernas de saúde, e 80% dependem de serviços de saúde públicos com insuficiência de financiamentos, de acordo com o veículo de comunicação nigeriano, TechCabal.
Anoke respondeu desenvolvendo o Zuri Health, um aplicativo móvel que permite que os pacientes conversem com um médico ou marquem uma consulta, comprem medicamentos de uma farmácia e marquem testes laboratoriais e de diagnóstico.
“Fez sentido criar um aplicativo através do qual as pessoas podem obter testes básicos sem saírem do conforto das suas casas e arriscarem mais ainda as suas vidas,” Anoke disse à TechCabal. “Se tivéssemos tido esse conhecimento anteriormente, talvez teríamos criado aplicativos e feito o seu lançamento durante a pandemia. A experiência da Covid foi útil para aquilo que criámos hoje.”
Desde Janeiro, Zuri registou mais de 250 médicos, que ganham um rendimento extra pelos seus serviços. Nos próximos meses, espera-se que Zuri entre em outros mercados africanos, incluindo Angola, Costa do Marfim, Gana, Moçambique, Nigéria, Senegal, Tanzânia e Zâmbia, de acordo com Anoke.
Ainda no Quénia, o M-Tiba, um aplicativo desenvolvido pela Safaricom, CarePay e pela PharmAccess Group, ajuda os pacientes a enviarem e receberem dinheiro enquanto acedem aos cuidados de saúde a um custo reduzido. Até Abril de 2021, mais de 300 unidades sanitárias fizeram parceria com o aplicativo, que foi utilizado por até 1 milhão de pessoas.
O M-Tiba também fez parceria com o Fundo Nacional de Seguro Hospitalar para fornecer seguros a 2.000 agregados familiares, de acordo com a fonte queniana de notícias, Capital Business.
“Para os quenianos, uma ida ao posto de saúde pode criar verdadeiras pressões financeiras,” PCA da Safaricom, Bob Collymore, disse antes da sua morte, em 2019. “Isso pode ter um efeito multiplicador quando as pessoas tiverem que manter os empregos ou terem de vender os seus pertences para pagar por cuidados básicos. Este é um fardo sobre as famílias com baixa renda, com mães e crianças menores sendo particularmente vulneráveis.”
O uso de aplicativos semelhantes de prestação de cuidados de saúde ganhou ímpeto em todo o continente.
No Benin, 15.000 pacientes utilizam regularmente o aplicativo goMediCAL, e 250 marcações de consultas médicas são feitas através dele diariamente. Lançado em 2019, o aplicativo permite que os utilizadores determinem a geolocalização de hospitais, procurem por farmácias e ambulâncias e localizem centros de saúde para registar pacientes.
“Desde a altura em que começamos a utilizar este aplicativo no centro de saúde, a manutenção de registo é feita de forma correcta agora, e os pacientes chegam a tempo e também [são] atendidos a tempo,” Dr. Olivier Franck Yedomon, que trabalha num hospital privado, em Cotonou, disse à Unlocking Public and Private Finance for the Poor, uma organização das Nações Unidas.
Através do apoio do UNICEF, o governo do Uganda introduziu um programa de informações de saúde, chamado mTRAC, em 2011. O programa reduziu para metade o tempo de resposta a surtos de doenças e baixou as mortes por malária, ajudando a garantir que houvesse stock suficiente de medicamentos. Até 2018, aproximadamente 53.000profissionais de saúde em cerca de 5.700 centros de saúde ugandeses utilizaram o serviço, de acordo com a Rede de Pesquisas Temáticas de Dados e Estatísticas.
O aplicativo Hello Doctor, da África do Sul, tem estado a dar conselhos médicos, a ajudar a determinar a saúde dos pacientes com base nos seus sintomas e a garantir acesso a médicos desde 2017.