EQUIPA DA ADF
Uma ida ao médico em Dakar, no Senegal, pode significar ter de passar primeiro pelo “Dr. Carro,” um robot operado de forma remota que mede a temperatura e avalia os sinais vitais antes de o paciente poder falar com um médico humano.
O Dr. Carro foi desenvolvido por estudantes da Ecole Supérieure Polytechnique de Senegal para recolher dados importantes dos pacientes enquanto minimizam possível exposição do pessoal de saúde à COVID-19.
“Num dado momento … apercebemo-nos de que o equipamento médico era reduzido,” Lamine Mouhamed Kebe, de 23 anos de idade, disse à Agência France-Presse (AFP).
Kebe e a sua equipa, de uma das melhores escolas de engenharia e tecnologia da África Ocidental, destacaram-se por desenvolver o Dr. Carro.
O robot é guiado por meio de uma câmara e controlado via aplicativo de telemóvel. Permite que os médicos se comuniquem com os pacientes, possibilitando que o tratamento seja feito de forma remota em zonas rurais ou em postos de saúde urbanos de difícil acesso.
Meses depois do seu lançamento, o Dr. Carro foi submetido a algumas actualizações para melhorar o seu desempenho, Momar Sourang, um dos estudantes que trabalha no projecto, disse à ADF.
“Esta versão será mais melhorada e incluirá mais funções,” “Em comparação com a antiga versão, modificamos o mecanismo de mobilidade do robot. Também acrescentamos uma interface de comunicação entre o paciente e o médico, mas também um sensor para recolher informação sobre as constantes do paciente.”
O Dr. Carro começou como um pequeno carrinho móvel que podia transportar equipamento médico ou refeições aos pacientes. Os médicos locais pediram que os criadores acrescentassem braços mecânicos que pudessem realizar testes médicos.
Abdoulaye Bousso, director do Centro de Operações de Emergências de Saúde do Senegal, disse à AFP que tornar o Dr. Carro mais interactivo poderia reduzir o uso de babetes e batas dispendiosos, que devem ser descartados depois do uso.
O Dr. Carro foi um acréscimo na reputação do Senegal na resposta à pandemia da COVID-19. Os pesquisadores do Instituto Pasteur, do Senegal, desenvolveram um teste de COVID-19 que custa 1 dólar e leva cerca de 10 minutos para produzir resultados.
Judd Devermont, director do programa de África, no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um grupo apartidário de reflexão de políticas externas, elogiou o Senegal numa entrevista ao jornal USA Today. Ele disse que o Senegal foi bem-sucedido graças à acção rápida, comunicação clara e a sua experiência com o Ébola em 2014.
“Pode-se ver o Senegal a sair em todas as frentes,” disse Devermont, “seguindo a ciência, agindo rápido, trabalhando com o lado da equação ligada à comunicação e depois a pensar na inovação.”