No norte da cidade senegalesa de Saint-Louis, escavadoras estão a escavar a praia para alinhar blocos gigantes de basalto, num esforço de última hora para manter o mar à distância. Quando terminar, uma parede negra de defesa do mar irá estender-se em 3,6 quilómetros ao longo da costa da antiga capital do país.
Preciosos alertas sobre o risco do aumento dos níveis do mar já são uma triste realidade em Saint-Louis, onde os residentes da zona em frente ao mar já estão a abandonar as suas casas perante o aproximar do Oceano Atlântico.
O quebra-mar é provisório. Algumas pessoas são cépticas de que a cidade histórica de 237.000 habitantes pode sequer ser salva. Saint-Louis está a apenas poucos metros acima do nível do mar. A erosão costeira também está a acabar com a linha da costa.
Muitos residentes locais tiveram poucas escolhas senão ter de mudar-se para um acampamento para deslocados no interior, porque as suas casas foram engolidas pelo violento mar, pela erosão e pela terra que se destruía por baixo delas.
A erosão está a fazer com que a linha da costa regrida 1,8 metros por ano, em toda a região, de acordo com um relatório de 2019, da Organização Meteorológica Mundial.
O mar invasor já causou danos severos.
As inundações de 2017 e 2018 deixaram mais de 3.200 pessoas sem abrigo. Cerca de 1.500 delas agora vivem num acampamento para deslocados em Djougop, mais para o interior.
O desastre fez com que Senegal começasse a construir o quebra-mar em 2019, em parte financiado pela França. O projecto está avaliado em 117 milhões de dólares e também inclui um programa de realojamento. A construção devia ter terminado em finais de 2021.
O projecto também exige demolições de casas numa faixa de 20 metros de largura por trás da barreira. Entre 10.000 e 15.000 pessoas deverão ser retiradas, disse Mandaw Gueye, um oficial que trabalha no projecto.
Alguns irão terminar em Djougop e nos bairros vizinhos, onde o Banco Mundial está a ajudar a financiar a construção de 600 casas, disse. Outros oficiais do projecto enfatizaram que os deslocados seriam compensados.
A barreira do mar é uma medida de emergência a curto prazo e não concebida para ser impermeável. O governo afirma que está a estudar soluções mais duradouras.