EQUIPA DA ADF
Há notícias promissoras na luta contra a COVID-19 numa altura em que os cientistas de todo o mundo correm contra o tempo e contra a evolução do vírus.
Uma equipa internacional de cientistas acaba de identificar anticorpos que podem neutralizar a COVID-19 e outras variantes, incluindo a Ómicron — um avanço que pode levar a novos tratamentos e terapêuticas num futuro próximo.
Os anticorpos têm como alvo áreas da proteína spike do vírus que estão conservadas (ou na essência inalteradas) enquanto o vírus passa por mutações, de acordo com Dr. David Veesler, investigador da Escola Médica da Universidade de Washington, que liderou a equipa da pesquisa.
“Esta conclusão indica-nos que, centrando-se nos anticorpos que têm como alvo estes locais altamente conservados das proteínas spike, existe uma forma de vencer a evolução contínua do vírus,” disse no site da Universidade.
“A pergunta principal que procurávamos responder era como esta constelação de mutações nas proteínas spike da variante Ómicron afectava a sua habilidade de prender as células e evadir-se às respostas de anticorpos do sistema imunológico.”
No decurso da sua pesquisa, a equipa identificou um anticorpo, que recebeu a designação de S2K146, que foi particularmente eficaz em ter como alvo as proteínas spike do vírus e proteger as células de infecção.
Vários estudos demonstraram como o S2K146 protegeu as células de infecções com a estirpe original do vírus SARS-CoV-2, que causa a COVID-19, assim como as variantes Alfa, Beta, Delta, Capa e Ómicron.
“As nossas conclusões sugerem que é um candidato muito bom para o desenvolvimento clínico como tratamento com anticorpos monoclonais,” disse Veesler.
Os investigadores anunciaram as suas conclusões no jornal científico, Nature, no dia 23 de Dezembro, e de novo num estudo publicado no jornal académico, Science, no dia 6 de Janeiro.
“A descoberta do S2K146 pode ser um marco para futuro tratamento de pacientes de COVID-19 e para a preparação para a pandemia contra os sarbecovírus [o subgénero que contém coronavírus zoonóticos],” afirmou o recente estudo.
O mais recente aumento de infecções pelo coronavírus a nível global está ligado à variante Ómicron, que foi detectada na África Austral em finais de 2021. Possui 37 mutações na proteína spike que utiliza para prender-se nas e invadir as células.
Um aumento massivo em inícios de Dezembro registou as variantes Delta e Ómicron a alimentar um aumento de 83% de infecções no continente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O número de novas infecções duplicou a cada cinco dias — o período mais curto observado pela OMS em 2021.
Numa recente comunicação, o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre “um tsunami de casos” que pode sobrecarregar os sistemas de saúde de todo o mundo.
“Este vírus irá continuar a evoluir e a ameaçar os nossos sistemas de saúde se não melhoramos a resposta colectiva,” disse no seu comunicado de imprensa sobre a COVID-19, no dia 29 de Dezembro.
Isso é exactamente aquilo que os investigadores da Universidade de Washington estão a tentar fazer.
A Dra. Lexi Walls, que trabalha com Veesler, espera ver novos tratamentos e medicina preventiva que faz uso de anticorpos como o S2K146 que pode neutralizar um espectro amplo de coronavírus.
“Por isso, dissemos ‘Olá, sistema imunológico, responda a estes elementos comuns,’” disse Walls à estação de televisão, NBC, de Seattle. “Independentemente de qual seja a variante que vier, as pessoas têm as defesas e estão prontas.”