EQUIPA DA ADF
A Província do Estado Islâmico no Sahel (ISSP) ganhou, no último ano, um território significativo a um grupo rival no Mali, aumentou a cobrança de impostos religiosos conhecidos como zakat e expandiu os esforços de recrutamento em todo o Sahel.
Os analistas do Projecto de Ameaças Críticas, do American Enterprise Institute afirmam que a ISSP funciona agora como um centro para combatentes estrangeiros do Norte de África e da Europa, o que poderá levar a um aumento de ataques terroristas na Europa, no Norte de África, no Sahel e na África Ocidental.
a “Os combatentes estrangeiros são ideólogos mais endurecidos que subscrevem o salafismo-jihadismo transnacional e não estão tão interessados nos objectivos locais ou nas queixas que motivam os militantes locais,” Liam Karr, analista do Critical Threats Project, escreveu num relatório para o Institute for the Study of War (ISW).
“Muitos combatentes estrangeiros também demonstraram interesse em regressar aos seus países de origem para organizar planos de ataque depois de terem sido radicalizados num teatro de conflito activo,” acrescentou Karr.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas informou, em Julho de 2023, que a ISSP está a utilizar as suas crescentes zonas de apoio para comunicar melhor com a facção da Província da África Ocidental do Estado Islâmico na Bacia do Lago Chade para fins logísticos e de recrutamento.
A ONU também informou que o grupo estabeleceu corredores de trânsito entre o sul da Europa e o Sahel e organizou uma célula terrorista que opera a partir de Marrocos e Espanha.
Em Fevereiro de 2023, as autoridades marroquinas detiveram um suspeito afiliado ao grupo do Estado Islâmico (EI) perto de Rabat, por suspeita de envolvimento na preparação de um ataque terrorista, informou o jornal Morocco World News. O homem de 24 anos tinha manifestado interesse em aprender a fabricar explosivos e em juntar-se a filiais do EI no Sahel.
No mês anterior, as autoridades marroquinas desmantelaram uma célula do EI com quatro membros que actuava em Beni Mellal, Casablanca, Inezgane e Tânger. Os suspeitos foram acusados de coordenar os esforços de recrutamento com os líderes do EI na região do Sahel-Saara, tendo sido apreendidas várias armas durante a detenção.
Em Outubro de 2023, as autoridades marroquinas detiveram quatro suspeitos afiliados ao EI durante operações em Tânger, Tetuão e Inzegane Ait Melloul, noticiou o Morocco World News. Durante as detenções, as autoridades apreenderam armas brancas, documentos que promoviam a ideologia do EI e informações relacionadas com a adesão a campos do EI no Sahel.
No Mali, a ISSP duplicou o território que controlava desde 2022 até à primeira metade de 2023, incluindo a tomada de faixas do nordeste do Mali anteriormente controladas pelo grupo terrorista Jama’at Nusrat al Islam wa al Muslimeen (JNIM), ligado àal-Qaeda, e por milícias pró-junta, informou a ONU. A ISSP começou a ressurgir no Mali logo após o golpe de Estado de Julho de 2021.
A ISSP quase triplicou a sua taxa mensal de ataques no Níger desde o golpe de Estado de Julho de 2023, segundo o instituto.
O grupo teve uma média de mais de sete ataques por mês desde Agosto, depois de ter atacado cerca de 19 vezes nos primeiros sete meses de 2023.
Apesar de a ISSP se confrontar frequentemente com a JNIM, os analistas afirmam que os grupos chegaram a um possível acordo em 2023 que levou a menos confrontos ao longo da fronteira entre o Mali e o Níger. Os grupos também colaboram por vezes.
Em Novembro, o EI e a JNIM foram acusados de matar 200 soldados nigerinos e ferir outros 34 durante emboscadas na região de Tillabéri, no Níger, perto da zona da tríplice fronteira com o Burquina Faso e o Mali. As operações envolveram centenas de terroristas que utilizaram dispositivos explosivos improvisados transportados em veículos nos seus ataques, de acordo com o Ministério da Defesa do Níger.
No final de Março, o EI foi responsável por um outro ataque que matou 30 soldados nigerinos e feriu outros 17 em Tillabéri. O Ministério da Defesa nigeriano descreveu o ataque como uma
“emboscada complexa” envolvendo mais de 100 homens armados em motociclos e em veículos que utilizaram DEI e bombas suicidas.
Os soldados estavam a trabalhar para “tranquilizar a população local” que era visada por grupos armados
que se dedicam a “assassinatos, extorsões e roubo de gado,” disse o ministério.
Karr informou em Março que a ISSP e a JNIM combateram recentemente no nordeste do Mali pela primeira vez desde Dezembro de 2023.
“Este confronto pode assinalar o fim do desanuviamento informal e desviar recursos de outras campanhas de ambos os grupos em áreas adjacentes do Burquina Faso, Mali e Níger para o outro,” escreveu Karr num relatório da ISW.