As forças de segurança do Uganda estão em alerta máximo depois de membros da organização terrorista Forças Democráticas Aliadas terem entrado no país a partir da República Democrática do Congo, em meados de Março.A Força de Defesa Popular do Uganda afirmou que o grupo é provavelmente liderado por Ahamed Mahamood Hassan, também conhecido por Abu Waqas, um especialista em bombas nascido na Tanzânia, e que poderá estar a planear ataques em áreas urbanas, locais de culto, escolas e eventos públicos em Kampala e na região do Monte Rwenzori.
“Apelamos a todos os civis para que se mantenham vigilantes, identifiquem e denunciem quaisquer indivíduos ou pacotes suspeitos para evitarem ser vítimas das [Forças Democráticas Aliadas] à medida que vamos apanhando este grupo,” o Coronel Deo Akiiki, porta-voz adjunto do Ministério da Defesa e dos Assuntos dos Veteranos, disse numa reportagem do jornal ugandês Daily Monitor.
No dia 29 de Março, as pessoas que participaram nas procissões da Via Sacra na cidade de Fort Portal elogiaram o pessoal de segurança armado, incluindo as forças antiterroristas, que vigiavam o evento.
“Estamos felizes porque a nossa segurança está a proteger-nos fortemente enquanto caminhamos,” Jane Asiimwe, participante da Via Sacra, disse ao Daily Monitor na Sexta-feira Santa. “Rezamos para que, mesmo no Domingo de Páscoa, também aumentem a nossa segurança nas igrejas.”
No dia 15 de Outubro de 2023, as autoridades ugandesas impediram as Forças Democráticas Aliadas de bombardear duas igrejas no centro de Kibbi, cerca de 50 quilómetros a oeste de Kampala, a capital nacional.
As bombas estavam ligadas a sistemas de som públicos e eram enviadas aos pastores disfarçadas de presentes. No entanto, os cidadãos suspeitaram dos aparelhos e alertaram a polícia, disse o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni. As Forças Democráticas Aliadas estão ligadas ao grupo do Estado Islâmico (EI) e visam frequentemente cristãos na sua propaganda.
Vincent Twesige, porta-voz da polícia da região de Rwenzori West, exortou todos os centros de culto da região a colaborarem com as forças da ordem locais para garantir a segurança durante o período da Páscoa e a examinarem todas as pessoas que frequentam os cultos. Twesige também encorajou os civis a “denunciar prontamente quaisquer indivíduos suspeitos que encontrem,” informou o Daily Monitor.
Em 2021, o Uganda e a RDC lançaram uma ofensiva conjunta para expulsar as Forças Democráticas Aliadas dos seus redutos congoleses. O grupo começou a atacar o Uganda ocidental em Dezembro de 2022, à medida que perdia terreno na RDC.
O grupo atraiu a atenção internacional pelo assassinato, em Outubro de 2023, de um casal do Reino Unido e da África do Sul, que acabava de contrir matrimónio, e do seu guia ugandês, quando faziam um safari no Parque Nacional Rainha Isabel, perto da fronteira com a RDC.
Em Junho de 2023, o grupo fez uma emboscada à Escola Secundária Mpondwe Lhubiriha, perto da fronteira do Uganda com a RDC. O ataque nocturno matou 42 pessoas, incluindo 37 alunos, que foram atacados com catanas, baleados ou queimados até à morte. Seis outros alunos foram raptados.
As Forças Democráticas Aliadas são em grande parte financiadas através de operações ilegais de extracção mineira e de exploração madeireira e de raptos para obtenção de resgate.
As Nações Unidas informaram no ano passado que o EI também “forneceu apoio financeiro [às Forças Democráticas Aliadas] desde pelo menos 2019, através de um complexo esquema financeiro que envolve indivíduos em vários países do continente, emanando da Somália e passando pela África do Sul, Quénia e Uganda.”
Museveni anunciou em Setembro de 2023 que os ataques aéreos contra o grupo mataram “muitos” militantes, incluindo possivelmente Meddie Nkalubo, um famoso fabricante de bombas.
As Forças Democráticas Aliadas foram formadas no Uganda na década de 1990 por pessoas descontentes com o tratamento dado pelo governo aos muçulmanos. As forças do Uganda derrotaram o grupo e os seus remanescentes fugiram para a RDC.