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Debaixo do sol escaldante que se faz sentir na savana do Senegal, os jardins verdejantes da aldeia de Ndem constituem um santuário.
Dentro de uma cerca de hibiscos, filas de produtos hortícolas crescem debaixo das fruteiras. Homens com dreadlocks e mulheres com mantos coloridos, de tecido pintado e bolsas cozidas destinadas a boutiques de luxo e empresas de mobília.
São membros de Baye Fall, uma ramificação da irmandade muçulmana Mouride, do Senegal, que acredita que o trabalho é uma forma de oração. Em Ndem, eles criaram um oásis numa região há muito assolada pela seca.
“Somos levados ao amor pela partilha, pelo trabalho, reflectindo-se na melhoria das condições de vida do nosso ambiente, em harmonia com a natureza,” disse Fallou Mbow, de 29 anos de idade, cujo trisavô fundou a aldeia.
Os pais de Mbow e outros fundaram a organização não-governamental Ndem Villagers (Aldeãos de Ndem), em 1984, para fazer a gestão de diversos projectos de desenvolvimento. Desde então, o grupo cresceu para cerca de 4.600 membros que renovaram a paisagem com a ajuda de sistemas de irrigação e energia solar.
“É apenas em Ndem onde existe este tipo de oportunidades de trabalho,” disse Mame Diarra Wade, uma das 120 mulheres que processam o fruto do embondeiro para transformá-lo num pó consumível. “Estamos felizes de ver aqueles que são oriundos das aldeias ao redor virem trabalhar connosco.”
A pedido dos líderes de Mouride, a família Mbow mudou-se, em 2015, para uma outra aldeia, próxima de Mbacke Kadjior, para replicar o seu sucesso. A aldeia agora orgulha-se de possuir movimentadas oficinas de artesanato e extensos jardins.
“Um dos principais objectivos é de realmente reduzir o êxodo rural,” disse Maam Samba Mbow, irmão mais novo de Fallou Mbow, “para criar uma economia local dinâmica que seja boa para os aldeãos, para que possam ter uma vida feliz com actividades interessantes em vez de sair à procura de emprego nas grandes cidades.”