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Aproximadamente 40 agentes da Força Policial da Somália (SPF) concluíram uma semana de formação em policiamento comunitário que as autoridades esperam que irá ajudar a virar o quadro no combate contra a insurgência do al-Shabaab.
Realizado pela componente da polícia da Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS), a formação contou com a participação de 17 comandantes de estação e seis representantes da Direcção de Policiamento Comunitário. A formação incluiu cursos sobre resolução de conflitos, padrões profissionais, ética, combate ao extremismo violento, envolvimento comunitário e questões ligadas ao género. A formação terminou no dia 7 de Fevereiro.
“A formação sobre o policiamento comunitário é fundamental para a melhoria da capacidade da SPF para assumir a responsabilidade de segurança do país quando as forças da ATMIS deixarem o país, no fim do seu mandato,” superintendente-chefe da polícia da ATMIS, Sao Vandy, disse num comunicado de imprensa.
A ATMIS é composta por 22.000 tropas do Burundi, Djibouti, Etiópia, Quénia e Uganda. O mandato irá terminar em Dezembro de 2024.
O brigadeiro-general Yusuf Mohamed Farah, director de policiamento comunitário da SPF, disse que a formação sobre o policiamento comunitário é fundamental para consolidar a paz naquele país. Em 2021, aproximadamente metade de todas as mortes relacionadas com o terrorismo, a nível mundial, foram registadas na Somália, Burquina Faso, Mali e Níger.
“Esta formação é essencial para o melhoramento das boas relações de trabalho com as comunidades que servimos,” disse Farah num comunicado.
Outros recentes esforços de formação da SPF incluem um curso realizado pela ATMIS, com a duração de uma semana, sobre gestão de activos policiais. Dez agentes do departamento de logística concluíram o curso, em Setembro.
No mês seguinte, 150 agentes da polícia da SPF concluíram uma formação básica para recrutas, com três meses de duração, no Estado de Jubaland. A ATMIS também realizou aquela formação.
Durante a cerimónia de graduação, o vice-presidente de Jubaland, Mohamud Sayid Adan, destacou a importância do trabalho policial.
“Como pessoal policial recentemente recrutado, eu apelo que vocês permaneçam firmes em prol da protecção da comunidade,” disse Adan numa reportagem do jornal somaliano, Horn Observer. “O policiamento é uma tarefa difícil e vocês devem ser pacientes e estar alertas perante as ameaças prevalecentes e manter a paz e a estabilidade.”
Nos seus esforços para reforçar as suas forças militares na guerra contra o al-Shabaab, o governo da Somália recentemente enviou recrutas militares para Egipto, Eritreia, Etiópia e Uganda para uma formação intensiva.
“Queremos concluir a formação de 15.000 soldados para estarem prontos dentro do ano de 2023,” Hussein Sheikh-Ali, conselheiro nacional de segurança do Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, disse à Voz da América (VOA).
O governo também congelou fundos e encerrou centenas de contas bancárias suspeitas de terem ligações com o al-Shabaab.
Apesar dos esforços de fortalecimento da segurança do governo, um novo relatório do grupo de reflexão Heritage Institute for Political Studies (HIPS), com sede em Mogadíscio, indicou que o governo pode não ser capaz de cumprir a sua meta de ter 24.000 soldados prontos até Dezembro de 2024.
“O prazo e o facto de que o exército está numa guerra enquanto, ao mesmo tempo, está a ser reconstruído … argumentamos que é um prazo apertado,” Afyare Elmi, antigo director-executivo do HIPS, disse à VOA. “Será difícil cumprir.”
Mas Ali, o conselheiro de segurança nacional, continua optimista e previu que o país em pouco tempo ficaria livre do al-Shabaab.
“O nosso objectivo primário é que no verão de 2024, antes de Junho ou Julho, não haja qualquer pessoa do al-Shabaab a ocupar um território na Somália,” disse Ali à VOA. “Podem escrever isso.”
Omar Mohamed Abu Ayan, um antigo oficial do al-Shabaab que abandonou o grupo, disse que os seus combatentes estão a retirar-se de certas áreas, à medida que as forças do governo e as milícias locais se aproximam, mas eles não vão para longe.
“Eles não estão a defender as cidades, conforme faziam antes,” disse Ayan à VOA. “Em vez de afastarem-se para muito longe, eles ficam a perambular ao redor das fortalezas, próximo das cidades e posteriormente enviam bombistas suicidas de volta para a cidade.”