EQUIPA DA ADF
Gana e Costa do Marfim foram os primeiros dois países de África a receberem as vacinas contra a COVID-19 através do programa internacional COVAX, quando os carregamentos chegaram nas suas capitais, em finais de Fevereiro.
A entrega das doses da vacina da AstraZeneca faz parte de um esforço internacional para garantir que África não fique atrás em relação ao resto do mundo na luta para acabar com a propagação da pandemia global.
Através da COVAX, os líderes africanos pretendem fornecer pelo menos 600 milhões de vacinas até ao fim deste ano. Gana e Costa do Marfim são os primeiros dos 23 países que estão na lista da COVAX. A Organização Mundial de Saúde (OMS) espera ter 90 milhões de doses em circulação até Junho.
A União Africana, através da Equipa Africana da Tarefa de Aquisição da Vacina contra a COVID-19 (AVATT), está a trabalhar no seu próprio programa para trazer mais um bilhão de doses para o continente, com a ajuda do Banco Africano de Exportações e Importações. Em Janeiro, a AVATT garantiu a primeira porção dessas vacinas — 270 milhões de doses — que foram alocadas a mais de uma dezena de países que aderiram ao programa.
Certos países continuam a procurar adquirir as vacinas de forma individual, para além de participarem na AVATT e na COVAX. A África do Sul, por exemplo, começou as vacinações em meados de Fevereiro, com 80.000 doses da vacina da Johnson & Johnson, de dose única. De acordo com o presidente Cyril Ramaphosa, o país garantiu um total de 9 milhões de doses.
Os responsáveis da OMS afirmam que os carregamentos da COVAX sairão quando as doses e os países estiverem prontos.
“Não escolhemos países. Estamos a levar os países de acordo com a ordem em que eles estão preparados e o carregamento pode seguir,” Dr. Bruce Aylward, conselheiro sénior do Director-Geral da OMS, Tedros AdhanomGhebreyesus, disse durante uma conferência de imprensa do dia 1 de Março.
Mais da metade dos países deverá ter programas de vacinação a decorrer nas próximas semanas, de acordo com a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África.
“Enquanto celebramos este passo de solidariedade, ainda existe uma necessidade tremenda para mais investimento na equidade da vacina,” Moeti disse numa recente conferência de imprensa. “Não se pode enfatizar o suficiente: nenhum país estará seguro até que todos os países estejam seguros.”
Dr. John Nkengason, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, disse que os profissionais de saúde estão a ser treinados para administrarem a vacina.
“Este será o nosso arranque em Gana,” disse durante a sua actualização semanal sobre a COVID-19, no dia 25 de Fevereiro. “Iremos continuar nas semanas que se seguem.”
O Gana recebeu 600.000 doses da COVAX. As vacinações começaram no dia 2 de Março, com o presidente Nana Afuko-Addo a ser o primeiro vacinado. A ronda actual de vacinações estará centrada nos profissionais de saúde da linha da frente e nas pessoas com mais de 60 anos de idade, disse o Dr. Franklin Asiedu-Bekoe, director de saúde pública nos Serviços de Saúde do Gana.
“O começo em Gana faz parte do processo de implementação,” disse Richard Mihigo, que lidera a imunização e o desenvolvimento da vacina para a região da África, na OMS.
Em última instância, o Gana pretende vacinar dois terços dos seus 31 milhões de habitantes, disse Asiedu-Bekoe durante uma conferência de imprensa da OMS, em finais de Fevereiro.
“Temos grande confiança na facilidade da COVAX,” disse.
Enquanto os países africanos recebem mais doses da vacina, as autoridades de saúde pública enfrentam o seu próximo desafio: fazer com que as pessoas adiram à mesma.
Um inquérito continental feito pelo África CDC demonstrou que 18% dos inquiridos acreditava que as vacinas em geral não são seguras e 25% dos participantes da pesquisa tinha dúvidas sobre a segurança da vacina contra a COVID-19. A maior parte dos que rejeitam a vacina são as vítimas da desinformação.
O mesmo inquérito descobriu uma grande variação na percentagem de pessoas que estão dispostas a aderir à vacina, de um máximo de 94% na Etiópia a um mínimo de 59% na República Democrática do Congo.
Moeti apelou para que as pessoas colocassem as suas dúvidas de lado para protegerem a si mesmas e as suas comunidades.
“Este é um momento para tirar o proveito da altura em que a sua vez chegar para receber a vacina,” disse Moeti. “As vacinas foram alvo de uma análise minuciosa. Os dados são suficientes em termos de segurança. Vamos usar esta oportunidade para que possamos trazer as nossas economias e os nossos sistemas de saúde de volta ao funcionamento normal.”