EQUIPA DA ADF
Mesmo enquanto garantem milhões de doses da vacina contra a COVID-19 para os seus cidadãos, os líderes sul-africanos estão a preparar-se para uma terceira vaga de infecções quando o Inverno chegar em Junho.
As autoridades de saúde começaram a trabalhar para suprimir uma terceira vaga em Março enquanto apelavam a população a seguir os protocolos de protecção como o uso de máscaras, a lavagem das mãos e o distanciamento social durante as celebrações da Páscoa.
Na altura, o Ministro de Saúde, Zweli Mkhize, disse aos membros do parlamento que o risco de uma terceira ou quarta vaga não pode ser descartado.
“Ninguém pode afirmar, até que a maioria das pessoas seja vacinada, que estamos seguros contra qualquer reaparecimento,” disse.
A África do Sul pretende vacinar 14 milhões de pessoas até ao final do ano, de acordo com Mkhize.
Aquele país tem estado a criar um fornecimento da vacina suficientemente grande para cobrir toda a sua população. Recentemente, assinou acordos para o fornecimento de mais de 51 milhões da vacina, para além de receber doses da facilidade internacional COVAX e potencialmente outras oriundas da Equipa-Tarefa da União Africana para a Aquisição da Vacina.
Mas a distribuição da vacina pode não avançar rapidamente o suficiente para afastar outro pico no número de casos este ano.
“O verdadeiro problema é que ainda existem muitas pessoas que estão susceptíveis a uma terceira vaga,” Professor Alex van den Heever, da Universidade de Witwatersrand, disse à SABC News, em meados de Março. “Então, podemos nos deparar com um grande número de pessoas que estão infectadas numa terceira vaga.”
A notícia boa, acrescentou, é que as pessoas que já contraíram a COVID-19 possuem um baixo risco de serem reinfectadas durante uma terceira vaga.
Isso pode ser um prenúncio positivo para a região do Cabo Ocidental, que foi muito assolada pelas vagas anteriores. Testes de sangue demonstram que aproximadamente metade da população da Cidade do Cabo esteve exposta à COVID-19.
“Isso pode ser algo que coopera a favor de uma terceira vaga menos mortal,” disse van den Heever.
Até meados de Abril, a África do Sul tinha registado mais de 1,5 milhões de infecções e mais de 53.000 mortes. Contudo, estudos de mortalidade em excesso do ano passado sugerem que o número real de mortes pela COVID-19 aproxima-se a 150.000.
O tempo para uma potencial terceira vaga continua incerto, mas especialistas observam que as ondas de infecção tendem a ocorrer com uma separação de cerca de três meses entre si. Isso colocaria a próxima vaga da África do Sul para o mês de Junho próximo. Os comportamentos de mudança associados ao Inverno fazem com que uma terceira vaga seja mais provável, de acordo com o Professor Abdool Karim, antigo presidente do Conselho Consultivo Ministerial sobre a COVID-19.
No seu informe semanal sobre a COVID-19, o director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, Dr. John Nkengasong, apelou aos africanos a continuarem a tomar as precauções da COVID-19 e a continuarem com as vacinações à medida que as vacinas forem sendo disponibilizadas. Qualquer vacina é melhor do que nenhuma vacina, disse ele.
Entretanto, os especialistas em matérias de saúde estão a apelar à África do Sul para aumentar os seus programas de testes e de vacinações para evitar a terceira vaga que temem que seja iminente.
“As vacinações até agora têm sido parte de um programa alargado de ensaios, não exactamente uma implementação,” disse van den Heever. “É a partir de Agosto ou Setembro que seremos capazes de vacinar numa escala maior, o que significa mais uma vaga.”