EQUIPA DA ADF
Menos de 60 dias depois de ter iniciado, a quinta vaga de infecções pela COVID-19 na África do Sul terminou com o menor pico e o menor número de mortes em relação às vagas anteriores daquele país.
A quinta vaga foi impulsionada pelas estirpes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron. As estirpes identificadas pelos investigadores sul-africanos surgiram depois da estirpe original da Ómicron, BA.1, que apareceu na África do Sul e no Botswana em Novembro de 2021.
As subvariantes BA.4 e BA.5 demonstraram uma forte capacidade de reinfectar pessoas com imunidade adquirida em infecções anteriores, particularmente se a infecção tiver sido de variantes iniciais. Apesar disso, os internamentos e as mortes foram uma fracção daquelas publicadas em vagas anteriores.
No início de Junho, o Instituto Nacional de Doenças Contagiosas (NICD) comunicou que a positividade de casos para a BA.4 e BA.5 baixou para 7,6% em comparação com um pico de 31,1%, no início de Maio.
“Tendo durado (cerca de) 8 semanas, foi a vaga mais curta e menos severa que já tivemos até agora,” Ridhwaan Suliman, um matemático e investigador sénior do Conselho de Pesquisas Científicas e Industriais (CISR) da África do Sul, comentou no Twitter.
Suliman publicou um gráfico utilizando dados do NICD que demonstram que a mais recente vaga atingiu o pico com cerca de 8.000 casos por dia depois de 30 dias. Em comparação, a primeira vaga da Ómicron produziu um pico de aproximadamente 24.000 casos por dia depois de cerca de 40 dias.
Especialistas de saúde pública afirmam que as alterações dramáticas em escala desde a vaga da BA.1 até a mais recente vaga provavelmente se devam à generalizada imunidade para a COVID-19 entre a população sul-africana.
Um estudo do Serviço Nacional do Banco de Sangue da África do Sul (SANBS), envolvendo todas as províncias, excepto a província do Cabo Ocidental, demonstrou que depois da primeira vaga da Ómicron, 98% dos sul-africanos possuem anticorpos de COVID-19 no seu sangue.
O aumento acentuado depois da primeira vaga da Ómicron foi surpreendente, de acordo com Marion Vermeulen, uma virologista que supervisiona os serviços de medicina e técnica de transfusão do banco de sangue.
“Não esperávamos um grande aumento como este desta vez, num historial de alto nível como este,” disse Vermeulen ao canal sul-africano de notícias, eNCA. “Por isso, ficamos muito surpreendidos ao ver este salto.”
Suliman disse que a vaga das subvariantes BA.4/BA.5 provavelmente venha a ser a forma como a África do Sul experimenta a COVID-19 daqui em diante. A África do Sul cancelou todas as medidas impostas há dois anos para acabar com a propagação da doença. Também parou de realizar o rastreamento de contactos de casos da COVID-19.
“Para muitas pessoas, os sintomas têm sido mais ligeiros, por isso, as pessoas escolheram ficar isoladas e esperar que os sintomas desapareçam,” disse Suliman numa entrevista de rádio.
Uma vez que eles estão menos preocupados com as infecções pela COVID-19, poucos sul-africanos estão a ser submetidas ao teste para doença, a menos que tenham sintomas ou contacto próximo com uma pessoa infectada. Isso pode desvirtuar os números da positividade de casos, fazendo com que seja um indicador menos fiável para futuros surtos, disse Suliman.
Apesar disso, os cientistas sul-africanos ainda podem ficar atentos a potenciais ameaças da COVID-19.
“Continuamos com uma rede muito boa de vigilância genómica, que realiza a monitoria de variantes emergentes,” disse Suliman. “E penso que continua a ser muito importante daqui em diante.”