EQUIPA DA ADF
As mulheres grávidas não estão mais susceptíveis de contrair a COVID-19 do que qualquer outra pessoa, mas elas estão em maior risco de desenvolver sintomas graves, especialmente nas últimas 12 semanas de gravidez.
Na África do Sul, isso traduziu-se em 16 mortes maternas adicionais por cada 100.000 nados vivos, em comparação com mortes maternais de mulheres que não têm coronavírus, de acordo com o Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul. Em resposta, o Departamento Nacional de Saúde da África do Sul está a tomar medidas. Emitiu directrizes actualizadas para a prestação de cuidados de saúde de recém-nascidos e crianças, em Março.
“Embora a vasta maioria de indivíduos infectados pela COVID-19 que se apresentam para atendimento médico sejam todos adultos, é importante garantir que as necessidades de mulheres grávidas e de crianças não sejam esquecidas e que seja feita uma provisão adequada para o atendimento de recém-nascidos expostos e infectados pela COVID-19 enquanto se mantém os cuidados óptimos e rotineiros das crianças,” escreveu Dr. Sandile Buthelezi, director-geral do Departamento Nacional de Saúde.
Entre as directrizes destacam-se:
* Rastrear e testar a COVID-19 em locais de parto, identificando pacientes com sintomas graves e gerindo os cuidados desde o início do trabalho de parto até ao nascimento.
* Garantir que exista uma equipa da maternidade numa secção específica da unidade da maternidade para cuidar de mulheres que estejam ou que possam ser infectadas — a menos que a condição da mulher seja tão grave que ela tenha de ser tratada numa unidade de cuidados intensivos.
* Ter fornecimento de oxigénio suficiente e seguro nas unidades da maternidade.
Tomar Precauções
É raro que bebés contraiam a COVID-19 no ventre e aqueles que contraem tendem a recuperar-se rapidamente.
Mesmo assim, é importante que aqueles que cuidam de recém-nascidos tomem precauções para impedir a propagação da doença, como a lavagem frequente das mãos e o uso de máscaras. As mães com COVID-19 ainda podem segurar os seus bebés e amamentá-los, uma vez que os benefícios do contacto superam os riscos do coronavírus, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Se uma mulher grávida tiver ou se suspeitar de que tenha contraído a COVID-19, a OMS recomenda que os profissionais de saúde tomem precauções para impedir que o vírus se propague, como a manutenção de higiene adequada das mãos e uso de equipamento de protecção individual.
Uma pergunta frequente feita por mães gestantes é se elas devem dar à luz através da cesariana se tiverem COVID-19. A resposta é não, uma vez que o procedimento pode ser realizado apenas quando for adequado em termos médicos, de acordo com a OMS.
Desafios para Cuidar das Crianças
A pandemia foi particularmente dura para com novas gestantes. Uma mãe, que não tinha COVID, deu à luz nos primeiros dias da pandemia. Ela disse que o hospital público de Joanesburgo onde ela deu o parto estava tão cheio que ela recebeu alta no mesmo dia em que o seu filho nasceu.
Uma mulher, que responde por Clementine, disse ao UNICEF que ela deu à luz a um rapaz saudável embora o seu parto tenha sido difícil. O seu marido não pôde estar com ela devido às rigorosas medidas do confinamento obrigatório. Ela disse que foi difícil respirar durante o parto, porque tinha de usar uma máscara.
Também teve de ficar em quarentena durante duas semanas depois de receber alta.
“Eu desejei tanto que o mundo voltasse ao normal naquele dia. Ainda tinha os meus receios, e se eu contraísse a COVID-19?” disse ao UNICEF. “E quanto ao meu pobre bebé e o meu marido? O que eu iria fazer?”
Por causa das medidas do confinamento obrigatório, ela essencialmente aprendeu como ser pai e mãe ao mesmo tempo. Acrescentou que aprendeu lições valiosas durante a pandemia, como ser menos egoísta e poupar dinheiro.
“Gosto de poupar para emergências e, durante a COVID, a nossa família viveu com base nas poupanças, uma vez que não havia rendimento a entrar vindo de mim ou do meu marido,” disse ao UNICEF. “Eu nem quero pensar no que teria acontecido se não tivéssemos poupanças. Agora, antes de gastar, eu poupo. Apenas quero garantir que quando algo semelhante acontecer de novo, eu tenha algo para poder me sustentar.”
Clementine trabalha como terapeuta de beleza. Ela abriu o seu próprio salão de beleza móvel quando a empresa em que trabalhava teve dificuldades durante a pandemia.
“Os meus receios quanto à COVID reduziram,” disse ao UNICEF. “Apenas estou a fazer aquilo que posso, cuidando do meu rapaz num mundo onde não sei o que o futuro me reserva.”