EQUIPA DA ADF
A África do Sul lançou o seu mais recente projecto para explorar o potencial da inteligência artificial (IA), desta vez, na esfera da defesa.
A Unidade de Investigação de Inteligência Artificial da Defesa (DAIRU) foi inaugurada no início de Maio na Academia Militar da África do Sul, na província do Cabo Ocidental. Trata-se do primeiro centro deste tipo em África, segundo Mondli Gungubele, Ministro das Comunicações e Tecnologias Digitais da África do Sul. A DAIRU é o quarto centro de investigação de IA da África do Sul. Gungubele disse que o centro representa uma alavancagem estratégica da IA em nome da segurança nacional.
“Para que África seja competitiva no mundo, temos de perceber que houve uma corrida espacial, depois a corrida ao armamento e agora a corrida à IA,” disse Gungubele durante o lançamento do centro. “Não nos podemos dar ao luxo de ficar para trás neste caso.”
O crescimento explosivo da IA em todo o mundo inclui cada vez mais um papel na defesa e na segurança. As utilizações incluem a orientação de armas autónomas e a recolha de informações para prever quando o equipamento necessita de manutenção, a fim de evitar avarias. O facto de essas tarefas serem da competência exclusiva do governo significa que são áreas em que o governo deve liderar a adopção da tecnologia de IA, de acordo com Gungubele.
“Embora os desafios possam ser muitos e assustadores, não são definitivamente insuperáveis,” disse o ministro na primeira Cimeira Nacional de Governos sobre IA da África do Sul, em Abril.
Neste momento, o governo está a perder potenciais especialistas em IA para o sector privado — ou para outros países, disse Gungubele. Para resolver o problema da fuga de cérebros de IA da África do Sul, são necessárias maiores oportunidades económicas, mais investimento em infra-estruturas de investigação e a promoção da educação em IA, de acordo com o Reitor da Universidade das Nações Unidas, Tshilidzi Marwala.
“Criar um ecossistema de apoio e aproveitar a diáspora para a transferência de conhecimentos também é imperativo,” disse Marwala num discurso em Dezembro de 2023.
Além disso, de acordo com o recente censo de 2022 da África do Sul, o país não está a educar um número suficiente de estudantes nos níveis avançados necessários para desenvolver as competências necessárias para expandir o papel da África do Sul no espaço da IA. Embora quase 87% dos estudantes concluam o ensino secundário, menos de 6% vão para a universidade e pouco mais de 2% vão para escolas técnicas.
Um relatório recente sobre o crescimento económico sugere que a África do Sul está atrasada em relação a outros países devido à falta de investimento em inovação, investigação e desenvolvimento.
“Curiosamente, estas são as métricas que são importantes na era da IA,” afirmou Marwala.
Na altura, Marwala apelou à abertura de mais centros de investigação no país centrados em diferentes aspectos da IA.
“Investimentos sólidos em instalações e despesas de investigação para facilitar a consolidação de investigadores e professores são fundamentais para criar uma economia orientada para a IA,” acrescentou Marwala.
Durante o lançamento da DAIRU, o Chefe do Estado-Maior da Força Nacional de Defesa da África do Sul, o Tenente-General Michael Ramantswana, referiu que a abertura do centro de investigação reflecte o compromisso da África do Sul em alavancar a IA para o avanço militar.
“A IA, tal como a electricidade ou os combustíveis fósseis, tem o potencial de redefinir as forças armadas modernas e remodelar o equilíbrio global de poder,” afirmou Gungubele durante o lançamento da DAIRU.