EQUIPA DA ADF
Esperando estar preparado para uma outra vaga de infecções pela COVID-19, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) está a acrescentar vigilância comunitária ao seu arsenal de armas utilizadas contra a pandemia.
A vigilância comunitária já ajudou a agência a responder rapidamente a surtos de Ébola e de outras doenças.
O director do Africa CDC, Dr. John Nkengasong, disse que o programa de vigilância irá centrar-se em pessoas assintomáticas. A testagem das pessoas sintomáticas e de viajantes irá continuar em vigor.
“Tem a ver com encontrar casos na comunidade e controlá-los antes de tornarem-se num incêndio descontrolado,” disse Nkengasong.
Ele explica o plano da seguinte forma: Se a amostra de uma comunidade apresentar um aumento no número de resultados de testes positivos, os profissionais de saúde irão realizar uma campanha de saúde pública para conter o aumento. A campanha pode incluir apelar as pessoas que tenham testado positivo para entrarem em quarentena voluntária. Pode também incluir o encorajamento para o uso de métodos de prevenção não farmacêuticos, como a lavagem das mãos e a limitação de grandes aglomerados.
O objectivo é evitar o tipo de aumento significativo que o continente experimentou com as variantes Beta e Delta, que podem sobrecarregar os sistemas de saúde.
“Não podemos continuar a viver de vaga em vaga,” disse Nkengasong. “Isso trás consequências severas para o sistema de saúde e para a economia.”
O novo sistema de vigilância irá utilizar testes rápidos à base de antigénios em grande escala para identificar focos de infecção e lidar com eles de forma rápida. Os testes são baratos, simples de utilizar e produzem resultados dentro de minutos.
Funcionam detectando produtos químicos na superfície do vírus. Detectam a infecção mesmo que — como pode ser o caso da COVID-19 — a pessoa a ser testada não apresente sintomas. A maior parte dos testes rápidos são cerca de 85% precisos, por isso, podem apresentar falsos negativos, especialmente com pessoas com baixa carga viral. Os testes laboratoriais PCR, que lêem o código genético do vírus, continuam a ser a norma para a testagem de viajantes e em ambientes hospitalares.
Desde o começo da pandemia, os países africanos realizaram mais de 74 milhões de testes da COVID-19. A média da taxa de positividade agora encontra-se entre 11% e 12%, mais do que o dobro da taxa a partir da qual a Organização Mundial de Saúde recomenda confinamentos obrigatórios.
Alguns países, como a África do Sul, continuam a ajustar as restrições sociais com o aumento e queda das vagas de infecções. Contudo, o tipo de confinamentos obrigatórios totais que ocorriam no início da pandemia continua, em termos gerais, a estar fora de questão devido ao grave impacto económico que tiveram sobre as vidas e os meios de subsistência das pessoas.
“Não podemos sobreviver aos ritmos dos confinamentos obrigatórios,” disse Nkengasong.
O Africa CDC considera a vigilância comunitária como uma forma de lidar com as exigências da pandemia enquanto permitimos que a vida retome, mais ou menos, ao normal. Nkengasong acredita que mais países africanos precisam de investir nas suas infra-estruturas sanitárias, aumentando a sua habilidade de fazer a monitoria de ameaças à saúde pública.
“A centralidade da boa saúde pública está na vigilância,” disse Nkengasong. “Nós realmente precisamos de voltar a encorajar a vigilância como uma ferramenta importante para combater a pandemia.”