AGÊNCIA FRANCE-PRESSE
FOTOS DA AFP/GETTY IMAGES
Quando Fredie Blom nasceu, o automóvel estava na sua infância, o primeiro avião tinha menos de um ano de idade e a Primeira Guerra Mundial estava no futuro.
Mais de 116 anos mais tarde,
Blom ainda andava por aí com a ajuda da sua bengala. Nos dias quentes, ele sentava-se fora da sua casa, num bairro da cidade do Cabo, chamado Delg, na África do Sul, e fumava os seus amados cigarros.
“Vivi todo este tempo pela graça de Deus”, disse Blom à Agence France-Presse, no dia do seu aniversário, em Maio de 2020. Entretanto, três meses depois, veio a falecer por causas naturais.
Blom nasceu em 1904, em Adelaide, uma aldeia rural na província de Eastern Cape, na África do Sul. Na altura do mais recente aniversário de Blom, um britânico de 112 anos de idade tinha sido oficialmente declarado como o homem mais velho do mundo pelo Guinness World Records. A idade de Blom ainda não tinha sido confirmada pelo Guiness.
Ele ganhou a distinção de estar vivo depois de duas pandemias globais notáveis, a primeira das quais a tão chamada gripe espanhola de 1918. Aquela gripe tirou a vida de toda a sua família.
Mesmo assim, a COVID-19 não deu a Blom um motivo para entrar em pânico. Ele estava a seguir em frente nesta última pandemia. Confessou consternação quanto a uma das disposições do lockdown da pandemia na África do Sul: a proibição da venda de cigarros. O governo mais tarde facilitou a venda de tabaco, o que ajudou a ver cumprido o seu desejo de aniversário.
Enquanto a família celebrava o seu aniversário, Blom — carinhosamente tratado por “Oupa”, que significa avô — caminhou para fora da sua casa para se sentar numa poltrona de madeira. A enteada esfregou as mãos dele com desinfectante. A esposa, Jeanette, de 86 anos de idade, juntou-se a ele. Eles ficaram casados por 46 anos.
As crianças do bairro e os netos da sua esposa fizeram-lhe uma serenata com a canção de aniversário e deliciaram-se de um prato quente de comida oferecido pela família de Blom.
Blom não ia ao médico por mais de dois anos, antes de morrer. Ele disse que estava cansado de ser picado e pressionado.
Blom nunca teve filhos, mas adoptou os dois que Jeanette teve num casamento anterior. “Ele fez tudo para nós”, disse a sua enteada, Jasmien Toerien, em Maio. “Acordava às três ou quatro da manhã para pedalar até ao serviço. E gosta de animais e de jardinagem”.
A sua vida terminou de forma repentina. Blom morreu no dia 22 de Agosto de 2020, de causas natuais, no Hospital Tygerberg, na cidade do Cabo. Duas semanas antes, ainda “estava a rachar a lenha”, disse Andre Naidoo, porta-voz da família.