EQUIPA DA ADF
O Hajj, a peregrinação anual islâmica para Meca, na Arábia Saudita, remonta ao Séc. VII, o tempo do profeta Maomé. Mas os muçulmanos acreditam que a peregrinação remonta a milhares de anos antes, no tempo de Abraão.
Todos os muçulmanos, de corpo saudável, devem fazer a viagem pelo menos uma vez durante o seu tempo de vida, desde que sejam financeiramente capazes e possam continuar a suprir para as suas famílias durante a sua ausência. Considerações financeiras não eram um problema para o governante do Império do Mali, Mansa Musa, em 1324, quando ele viajou para Meca de um modo fantástico, trazendo consigo 60.000 súbditos e 12.000 escravos, 500 dos quais transportavam cerca de 3 kg de ouro cada.
A caravana também incluía 80 a 100 camelos, cada um deles transportando 136 kg de ouro. O Mansa (imperador) oferecia ouro onde quer que fosse.
A viagem de ida e volta cobriu mais de 6.000 quilómetros e durou cerca de dois anos.
O povo Mandinka, da África Ocidental, fundou o Império do Mali, na África Ocidental, entre os rios Níger e Senegal. O Império durou de 1235 a 1670. No seu apogeu, incluiu o que actualmente são partes de ou todo Burquina Faso, Chade, Gâmbia, Guiné, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal. Cobria 24.000 quilómetros quadrados e foi um dos impérios mais extensos do mundo, conhecido pela fabulosa riqueza dos seus governantes.
A dada altura, o Império do Mali teve uma população de 40 a 50 milhões de habitantes.
O primeiro governante do império foi Sundiata Keita, um príncipe exilado conhecido como o “leão faminto.” Ele fez de Niani a sua capital, no Rio Sankarani, um lugar rico em ouro e ferro. Isso deu-lhe uma vantagem militar — dinheiro e meios para fabricar armas — mas também teve sorte quando a região experimentou muitos anos de tempo seco. Isso reduziu a presença de mosca tsé-tsé, que propaga doenças mortais para cavalos e outros animais. Sem as moscas, criadores de cavalo, comerciantes e cavalaria espalharam-se pela região.
Musa tornou-se governante do Império do Mali, em 1312, assumindo o trono depois do seu predecessor Abu-Bakr II desaparecer durante uma viagem para encontrar o limite do Oceano Atlântico.
Musa recorreu aos recursos naturais da região, artesãos habilidosos, temperatura favorável e poderio militar para fazer com que o seu império fosse imensamente rico, talvez o lugar mais rico da face da terra na altura. Em contraste, as zonas do oeste sofriam com guerras civis e tempos económicos difíceis.
A sua peregrinação através do Egipto mudou a sua economia, não para o melhor. Em cada passo, Musa gastava luxuosamente e distribuía ouro. As suas ofertas depreciaram o valor do ouro no Egipto em cerca de 25%, causando abrandamento económico.
Durante a peregrinação, Musa adquiriu o território de Gao, dentro do Reino de Songhai, naquele que actualmente é o Mali. Era de grande importância para o rei. No seu regresso da sua peregrinação, desviou para o sul de Gao, onde eventualmente construiria mesquitas e edifícios públicos.
Musa também centrou as suas energias em Tombuctu, construindo-a para transformá-la num grande centro universitário islâmico. Ele recrutou arquitectos e estudiosos de todo o mundo para Tombuctu, onde mandou construir a Mesquita Djinguereber. Em mais de 500 anos desde então, a mesquita tem sido um dos marcos mais celebrados de África.
Acredita-se que ele tenha morrido entre 1332 e 1337, mas estórias de sua riqueza e sua marcante peregrinação permanecem vivas.
“Pense em tanto ouro quanto puder imaginar que um ser humano pudesse ter e duplique-o, era isso o que esta história procurava comunicar,” Rudolph Ware, um historiador da África Ocidental, disse à revista Times. “Este é o homem mais rico que alguém algum dia já viu.”