EQUIPA DA ADF
A pandemia global da COVID-19 está a motivar a criatividade empreendedora em todo o mundo.
Em África, os empreendedores estão a alcançar o sucesso — e o capital — através da criação de negócios em empresas em fase de arranque (startups) que atendem aos desafios das pessoas que vivem no novo normal.
Somente a indústria do comércio electrónico experimentou um aumento na casa dos três dígitos nos negócios depois do surto do vírus, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
“A pandemia da COVID-19 acelerou a mudança para um mundo mais digital,” disse o Secretário-Geral da UNCTAD, Mukhisha Kituyi, na página da internet da sua organização, em Outubro de 2020. “As mudanças que efectuamos agora terão efeitos duradoiros quando o mundo começar a recuperar-se.”
Em África, esses desafios aumentaram para as empresas em fase de arranque apesar da contracção significativa da actividade económica em 2020.
O capital de risco para as empresas em fase de arranque no continente aumentou de 1,27 bilhões de dólares em 2019 para 1,31 bilhões de dólares em 2020, de acordo com Briter Bridges, um grupo de reflexão sediado em Londres que se focaliza em matérias relacionadas com África.
O grupo de reflexão também comunicou que as empresas de tecnologia financeira de África representaram 31% do total de investimentos no ano transacto.
Embora os serviços financeiros digitais tenham florescido especificamente por causa da pandemia, empresas ligadas ao ensino também se beneficiaram da repentina mudança social. Cerca de 825 milhões de estudantes africanos ficaram afectados pelo encerramento das escolas devido à COVID-19, de acordo com as estatísticas do UNICEF, publicadas no dia 12 de Janeiro.
A nigeriana uLesson é uma das dezenas de empresas em fase de arranque da área da educação no continente. Ela foi lançada semanas antes de a COVID-19 ter sido declarada uma pandemia, levou um investimento de capital de 3,1 milhões de dólares e aumentou o seu conteúdo e produtos para expandir mais para a África Ocidental.
A empresa, que oferece um currículo do ensino secundário para smartphones e telemóveis básicos sem acesso à internet, anunciou, em Janeiro de 2021, que tinha angariado 7,5 milhões de dólares, com planos para expandir para a África Oriental e Austral.
“O ensino é uma das áreas que foi mais afectada,” Vice-Presidente de Vendas e Marketing da uLesson, Tayo Sowole, disse à ADF. “Enquanto estamos a recuperar gradualmente da perda de participação, os educadores, os pais, os alunos e os governos estão a recorrer cada vez mais à tecnologia e a empresas em fase de arranque para evitar reprovações.”
Quando se fala de tecnologia em matérias de saúde, África tem sido líder.
Mais de 120 inovações foram criadas ou melhoradas para lidar com o vírus, de acordo com a análise da Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso representa 12,8% das 1.000 tecnologias de combate à pandemia do mundo inteiro analisadas pela OMS.
Mais da metade envolveu as tecnologias de informação e comunicação (TIC), um quarto baseou-se em impressões 3D e 10,9% foram robóticas. As inovações impulsionadas pelas TIC incluem ferramentas de autodiagnóstico, em Angola, aplicativos de rastreamento de contactos, no Gana, ferramentas móveis de informação sobre a saúde, na Nigéria, e Chatbots, na África do Sul.
“A COVID-19 é um dos desafios mais graves numa geração, mas é também uma oportunidade para alavancar a inovação, a criatividade e o empreendedorismo em tecnologias de saúde para salvar vidas,” Directora Regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, disse numa conferência de imprensa virtual, em Outubro de 2020.
“É maravilhoso ver a jovem energia de um continente motivado para lutar contra a COVID-19. Ferramentas automáticas de lavagem das mãos, movidas à energia solar, aplicativos móveis criados com base na conectividade que rapidamente cresce em África. Estas inovações feitas internamente são adaptadas de maneira única para o contexto africano.”
Quer seja uma tecnologia que lida com finanças, ensino, medicamentos ou agricultura, os investidores de capital de risco continuam a encontrar e a financiar empresas em fase de arranque que resolvem problemas africanos.
“Nunca houve um melhor momento do que agora para apostar em África,” disse Sowole. “Uma das coisas que a pandemia fez é acelerar a taxa de adopção de tecnologias. As pessoas rapidamente aperceberam-se de que o status quo não era sustentável diante das nossas novas realidades.
“O facto de que não estamos ainda fora de perigo faz com que as pessoas sejam futuristas nos seus pensamentos e acções.”