EQUIPA DA ADF
A condição de saúde conhecida como COVID longa possui dezenas de sintomas associados, mas os investigadores continuam a investigar a causa primária. Um novo estudo da Universidade de Harvard sugere que o estresse pré-infecção pode fazer com que algumas pessoas desenvolvam a COVID longa e precisem de semanas ou meses para se recuperarem da sua infecção original.
Os investigadores concluíram que pessoas que se sentem sozinhas, ansiosas ou deprimidas tendem a desenvolver sintomas associados com a COVID longa. Tudo indica que se preocupar com o desenvolvimento da COVID-19 pode fazer demorar a capacidade de uma pessoa de recuperar-se completamente do vírus.
Em média, a COVID longa surge em cerca de 25% de todas as recuperações da COVID-19, embora varie em até 50% em casos de pessoas que tenham sido internadas.
“A curto prazo, o estresse causa a libertação de hormônios que suprimem a inflamação, garantindo que o corpo tenha recursos de energia disponíveis para responder a uma ameaça imediata,” Susannah Tye, do Instituto Queensland Brain, na Austrália, escreveu no The Conversation.
A longo prazo, contudo, Tye observou que o estresse possui o efeito contrário. Aumenta a quantidade de inflamação presente no organismo da pessoa. Isso pode fazer com que o organismo seja lento para responder a novas ameaças.
Vários outros estudos ligaram a COVID longa à inflamação em vários órgãos diferentes ou aos sistemas biológicos, em última instância, levando a sintomas comuns como fadiga, dores musculares e nevoeiro cerebral.
A COVID longa também possui qualidades semelhantes a certas desordens auto-imunes ligadas aos níveis de estresse de uma pessoa, afirmam os investigadores.
“Para um vírus como a COVID, é possível que a exposição anterior ao estresse possa igualmente limitar a capacidade do organismo de combater a infecção e aumentar o risco de COVID longa,” escreveu Tye.
Na essência, quantidades acrescidas de estresse reduzem as barreiras biológicas do organismo e fazem com que seja difícil desfazer-se por completo da COVID-19.
O estudo da Harvard, que foi realizado no início da pandemia da COVID-19, concluiu que o estresse causado pela solidão, ansiedade ou depressão aumentou a possibilidade de que uma pessoa desenvolva a COVID longa em cerca de 50%.
Quanto mais estresse as pessoas do estudo sentiram antes de contrair a COVID-19, maiores foram os sintomas de COVID longa que eles experimentaram depois da sua infecção primária ter passado, de acordo com o estudo da Havard.
“Todos os sintomas de COVID-19, excepto a tosse persistente e os problemas de olfacto e paladar, foram mais que prevalecentes nos participantes em comparação com os participantes sem cada tipo de dificuldades,” os investigadores escreveram na revista científica Journal of the American Medical Association.
No seu artigo, os investigadores da Harvard enfatizaram que é errado interpretar os seus resultados como estando a demonstrar que a COVID longa é de algum modo psicossomática. Cerca de 40% dos pacientes que desenvolveram os sintomas de COVID longa indicaram não terem sofrido de estresse antes da sua infecção, escreveram.
Pelo contrário, os efeitos de estresse psicológico, como inflamação e supressão do sistema imunológico, devem ser vistos como estando a contribuir para a resposta biológica prolongada ligada à COVID longa, relataram.
“Inflamação e desregulação imunológica podem ligar as dificuldades psicológicas com as doenças da pós-COVID-19,” informaram os investigadores.
Por fim, identificar e reduzir as causas de estresse nos pacientes de COVID longa pode ajudar a recuperar por completo de COVID-19 com maior rapidez, de acordo com o estudo da Harvard.