EQUIPA DA ADF
Em 1861, 3.000 mulheres-soldado, com armamento pesado, vieram contra uma muralha espinhosa durante uma demonstração de habilidades.
Rei Glele, o seu chefe em Dahomey, uma região que agora faz parte do Benin, estava ansioso por demonstrar a ferocidade e habilidade dos seus guerreiros. A muralha de 400 metros, foi reforçada com ramos de acácia, bem afiados, com 5 cm de comprimento.
As mulheres estavam descalças, armadas com paus e facas. Algumas delas – “Reappers” (as Ceifeiras) – tinham navalhas de 1 metro de comprimento que, disse o rei, podiam ser utilizadas para cortar um homem pela metade.
As guerreiras vieram contra a muralha, ignorando ferimentos enormes causados pelos espinhos. Elas seguiram para o topo, simulando um combate de corpo a corpo com um inimigo invisível. Desceram e voltaram a subir a muralha, desta vez, salvando um grupo de aldeões que agiam como prisioneiros.
A demonstração provou aos visitantes que as mulheres não eram figuras meramente cerimoniais. Elas, na verdade, eram os únicos soldados do destacamento feminino do mundo na altura em que estavam a servir em combate.
As mulheres guerreiras de Dahomey provavelmente tiveram a sua origem no Século XVII. Uma teoria afirma que elas começaram como caçadoras da tribo Fon. Contudo, Stanley Alpern, um especialista renomado em matéria de guerreiros, escreveu no seu livro de 1998, intitulado “Amazons of Black Sparta,” que elas provavelmente começaram como guardas do palácio na década de 1720. Vieram depois a ser conhecidas como as “Mino,” que significa “Nossas Mães,” na língua Fon.
As mulheres de Dahomey lutaram em grandes batalhas. Alpern disse que nas quatro grandes campanhas, nos finais do Século XIX, pelo menos 6.000 ou mesmo 15.000 morreram em batalha.
Existem várias teorias sobre como as guerreiras de Dahomey vieram a existir, mas muitos acreditam que foi uma questão de necessidade — os homens Fon, como resultado de guerras e de comércio de escravos, estavam em desvantagem numérica de 10 para 1 em relação aos seus rivais da tribo Yoruba. Como resultado, as mulheres Fon foram recrutadas para combater.
Apenas existiam cerca de 600 mulheres guerreiras dahomianas até meados do Século XIX, quando o rei Ghezo aumentou o seu número para cerca de 6.000. Ele foi capaz de recrutar muitas mulheres para viverem como guerreiras, porque as mulheres de Dahomey daquele tempo viviam na pobreza e, muitas vezes, não recebiam um bom tratamento.
Como guerreiras, as mulheres viviam no acampamento do rei. O explorador Sir Richard Burton reportou que as mulheres recebiam alimentos, tabaco, bebidas alcoólicas e escravos.
As guerreiras eram exaustivamente treinadas para lutar, para resistir a grande dor e para sobreviver. Observadores afirmam que, apesar de elas não serem boas em relação ao uso de arma de fogo, eram especialistas em termos de combate corpo a corpo e no uso de facas.
Até princípios do Século XX, as mulheres estavam num estado de constante guerra sob o comando de reis ambiciosos. Mas quando a França invadiu com armas modernas, as mulheres foram derrotadas e as suas fileiras foram desmanteladas.
A sua bravura é resumida num credo que as mulheres alegadamente repetiam para demonstrar o seu espírito: “Aqueles que voltam da guerra sem terem conquistado devem morrer. Se recuarmos, a nossa vida fica à mercê do rei. Qualquer que seja a cidade que for atacada, devemos vencê-la ou enterramo-nos nas suas ruínas.”