EQUIPA DA ADF
O Burquina Faso tornou-se o terceiro país da África Ocidental a adquirir drones armados de fabrico turco para uso na luta contra o extremismo.
Os veículos aéreos não tripulados Bayrapktar TB2 estão cada vez mais em demanda por parte de países que procuram poder aéreo relativamente barato, para lhes dar uma vantagem contra os grupos insurgentes. Níger e Togo adquiriram alguns TB2 recentemente. Os analistas afirmam que as armas são claramente atractivas.
“Elas podem permanecer no ar por um longo período, distinguir os alvos e esperar por um tiro mesmo quando houver um sistema de defesa aérea a curta distância,” Akram Karief, um jornalista da área de defesa argelino, disse à Radio France-Internationale. “Isso permite que eles possam permanecer atrás e atacar alvos de alto valor a um custo mínimo.”
Os drones, que possuem o tamanho semelhante ao de um pequeno avião, podem voar a uma altura de 8 quilómetros, possuem um alcance de 150 quilómetros e podem permanecer no ar durante 27 horas. Na Ucrânia, eles recebem o crédito de terem ajudado a mudar o quadro contra as forças russas depois de um general ucraniano ter afirmado que dois drones tinham destruído tanques russos e armamento avaliados em 27 milhões de dólares, em apenas três dias.
Mas o uso de drones também deixa os observadores alarmados que alertam sobre a possibilidade de baixas civis ou de se ter como alvos grupos de dissidentes pacíficos. No Burquina Faso e no Togo, já houve relatos de erros com drones que causaram mortes de civis.
“A preocupação com o uso de drones na região é que isso reduz os níveis para o uso de força letal — principalmente numa situação em que não se está em conflito armado — que é muito preocupante, porque este tipo de meios e métodos pode facilmente ser visto como um tipo de solução fácil para um problema complexo,” Wim Zwijnemburg, da PAX, uma organização que estuda os conflitos globais e o uso de tecnologia militar, disse à Voz da América.
De particular preocupação é o precedente criado pelo uso de drones na guerra civil da Etiópia, um país que possui uma frota de drones de fabrico iraniano, turco e chinês. Relatórios compilados por organizações humanitárias, este ano, concluíram que 300 civis tinham sido mortos em ataques de drones e ataques aéreos.
Mesmo assim, para os países sahelianos assolados pela violência, os drones oferecem a oportunidade para projectar força em regiões vastas e pouco habitadas onde os extremistas operam.
“Elas enfrentam o complexo desafio de acabar com bandos altamente motivados e móveis de militantes islamitas, que acampam no mato e se movimentam rapidamente pelo relevo rastreiro do Sahel em motorizadas,” escreveu Paul Melly, um investigador da Chatham House, num artigo publicado pela BBC.
No Sahel, os drones podem ser mais válidos como ferramentas de reconhecimento do que pelas suas capacidades de uso como arma.
“O que é mais importante para um drone é saber para onde enviá-lo,” jornalista Wassim Nasr, um especialista em violência extremista, disse à Agence de Presse Africaine. “É o equivalente a uma lanterna, armada ou não, que ilumina um alvo específico.”
A maior parte dos observadores acredita que os drones podem ajudar em alguns cenários, mas as lutas contra o extremismo, em última instância, serão decididas por força militar tradicional e outros programas de combate ao extremismo no terreno.
“Infelizmente, não será o factor decisivo, dada a natureza dos grupos, o número de homens armados e a sua adaptabilidade quando enfrentam a ameaça de drones,” disse Karief.
Ele também alertou que, se utilizados de forma descuidada, os drones podem ser mais prejudiciais do que benéficos. “Existe o risco de danos colaterais, que, infelizmente, aumenta o espírito de vingança e exerce uma maior pressão para adesão a grupos armados,” alertou Karief.