Dores musculares, fadiga, comichão na garganta e suores nocturnos: estes são os sintomas mais comuns da Ómicron, uma estirpe da COVID-19 que surgiu em finais de Novembro de 2021.
Foi a sul-africana Dra. Angelique Coetzee que primeiramente alertou as autoridades sanitárias sobre a nova variante com base nestes sintomas, que eram diferentes daqueles que ela tinha visto nos primeiros pacientes da COVID-19. As observações de Coetzee acabam de receber o apoio de pesquisas realizadas pela empresa de ciências de saúde, denominada Zoe and King’s College London. O Estudo de Sintomas da COVID concluiu que os sintomas parecidos com o resfriado comum, como secreções nasais, dores de cabeça, fadiga, espirros e dores na garganta, normalmente estavam associados à estirpe altamente contagiosa.
Coetzee, que é presidente da Associação Médica Sul-Africana, disse que ela tratou de um paciente em meados de Novembro que se queixava de muita fadiga durante dois dias, assim como dores no corpo e dores de cabeça.
“Os sintomas neste estágio estavam muito mais relacionados com a infecção viral normal,” Coetzee disse à Reuters. “E como nós [não tínhamos] registado COVID-19 nas passadas oito a 10 semanas, decidimos testar,” disse ela, acrescentando que o paciente e a sua família testaram positivos para o coronavírus.
Durante quase dois anos, o estudo de Zoe recolheu dados de 480 milhões de relatórios submetidos através do aplicativo do estudo que demonstrou que os sintomas da COVID-19 tinahm evoluido da mesma forma que o vírus, Tim Spector, do King’s College London, escreveu no The Conversation Africa.
Pacientes com a versão original e a versão Alfa da COVID-19 geralmente experimentaram tosse, febre, perda do olfacto, dificuldade de respirar e problemas gastrointestinais, entre outros sintomas, de acordo com os estudo de Zoe. Pacientes que contraíram a variante Delta normalmente experimentaram secreções nasais, dores na garganta, espirros contínuos, dores de cabeça e tosse.
“Tudo indica que a Ómicron esteja a continuar a tendência estabelecida pela variante Delta,” escreveu Spector. “Está a causar sintomas que são muito mais parecidos com uma constipação normal … e menos sintomas sistémicos gerais, como náusea, dores musculares, diarreia e erupções cutâneas.”
Spector acrescentou que “enquanto as variantes Ómicron e Delta podem parecer uma constipação para muitos de nós, elas podem ainda assim matar ou causar sintomas prolongados que interrompem o dia-a-dia, especialmente de pessoas com … o sistema imunológico comprometido.”
Os especialistas em matérias de saúde concordam que as variantes não devem ser levadas com menos seriedade.
“O que estamos a aprender é que pessoas com condições subjacentes, pessoas com idade avançada … podem ter uma forma severa de COVID-19 depois de serem infectadas pela variante Ómicron,” Dra. Maria Van Kerkhove, técnica-chefe da equipa de resposta à COVID-19, na Organização Mundial de Saúde (OMS), disse numa entrevista no site da OMS. “É menos severa que a variante Delta, mas isso não significa que seja ligeira.”
Ela acrescentou que a variante estava a propagar-se a um “nível intenso,” deixando sobrecarregados os sistemas de saúde do mundo inteiro e causando a interrupção de serviços essenciais.
De acordo com a OMS, as melhores formas de prevenir a propagação da Ómicron são usar a máscara, praticar o distanciamento social, manter os espaços internos bem ventilados, manter a higiene pessoal, evitar aglomerados, trabalhar a partir de casa se for possível, auto-isolar-se e fazer o teste da COVID-19 caso desenvolva sintomas.
Van Kerkhove disse que os especialistas não compreendem totalmente os impactos das condições pós-COVID-19 e fizeram sérias reflexões sobre o futuro da pandemia.
“A variante Ómicron não será a última variante a ser falada,” disse. “A possibilidade de surgimento futuro de variantes de preocupação é muito real. E quanto mais variantes surgirem, não sabemos quais podem ser as propriedades destas variantes.”
Ela acrescentou que novas variantes sempre vão representar novos desafios.
“Certamente, serão mais transmissíveis, porque terão de superar as variantes que actualmente estão a circular,” disse. “Podem ser mais ou menos severas, mas podem também ter propriedade para escapar do sistema imunológico.”