Wamkele Mene, Secretário-Geral do Secretariado da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), discursou, no dia 1 de Janeiro de 2021, no Webinar da Cerimónia de Lançamento do Comércio da AfCFTA. Os seus comentários foram editados para se enquadrarem a este formato.
Hoje é um dia verdadeiramente histórico, em que damos início oficialmente ao comércio de acordo com as preferências da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA). Hoje é um dia em que aproximamos África a uma noção de mercado integrado no continente africano.
Esta AfCFTA não deve ser apenas um acordo comercial; deve ser um instrumento para o desenvolvimento de África. Neste sentido, assistimos à produção por parte do Banco Mundial de um relatório que projecta isso até 2035. Se implementarmos este acordo de forma eficaz, teremos a oportunidade de tirar da pobreza 100 milhões de africanos. Além disso, grande parte destes 100 milhões são mulheres no sector comercial. Vai ser a oportunidade de reduzir as disparidades de renda entre homens e mulheres e permitir o acesso das PMEs [pequenas e médias empresas] a novos mercados.
Estamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros tecnológicos para desenvolvermos plataformas tecnológicas digitais que vão permitir a conectividade das PMEs e permitir a conectividade de jovens africanos no comércio.
Este acordo não beneficia apenas as grandes empresas do continente africano, deve incluir também os jovens africanos, mulheres e PMEs africanas.
Actualmente, como africanos, estamos a assistir ao início de um novo capítulo em termos de relações comerciais e de investimento.
Hoje, estou especialmente orgulhoso porque 54 países assinaram este acordo, 33 rectificaram-no e mais de 40 enviaram as suas propostas de preços. Este é um sinal inequívoco de que África está pronta para começar os negócios com base nas novas regras e preferências que irão garantir a integração do mercado africano.
Temos de tomar medidas concretas para superar a reduzida dimensão das nossas economias nacionais. Temos de tomar medidas concretas para superar a falta de economia de escala. Temos de tomar medidas concretas para podermos colocar África no mapa do desenvolvimento industrial, para que, em 2035, possamos duplicar o comércio intra-africano com produtos de valor acrescentado.
Como verifiquei no passado, temos de tomar medidas concretas para desmantelar o modelo económico colonialista que herdámos e que foi mantido nos últimos 60 anos. Temos de parar de ser exportadores de matérias-primas para os países do Norte. Temos de criar emprego no continente africano através do desenvolvimento das nossas cadeias de valor regionais e sermos auto-suficientes em termos de produção continental.
Em 2020, a COVID-19 provou que África depende muito das cadeias de fornecimento globais, e África sofre quando estas cadeias globais falham.
Portanto, temos de tomar medidas concretas para garantir o aceleramento deste desenvolvimento industrial. A AfCFTA e o lançamento do comércio hoje são os primeiros passos que tomamos nesse sentido.
Eu quero que vocês, africanos, se juntem a mim para dar este passo histórico a fim de criar uma África integrada, a África que queremos.