Seis novos estudos demonstram que a variante Ómicron da COVID-19 não ataca os pulmões de forma tão agressiva quanto fizeram as estirpes anteriores.
Dos seis estudos revistos pelo jornal britânico, The Guardian, quatro foram publicados, desde o dia 24 de Dezembro. Durante os testes em ratos, na Universidade de Liverpool, os animais experimentaram menos sintomas graves e recuperaram de forma mais rápida.
“As primeiras indicações são de que é boa notícia, mas esse não é um sinal para baixarmos a guarda, porque se a pessoa estiver clinicamente vulnerável, as consequências ainda não são boas — existem mortes pela Ómicron,” James Stewart, um professor da universidade, disse ao The Guardian. “Nem todos podem tirar a máscara e festejar.”
Estudos feitos pela Universidade de Hong Kong, Universidade de Cambridge, na Inglaterra, Universidade de Leuven, na Bélgica, e pelos Investigadores dos EUA também concluíram que a variante Ómicron causou menos infecções nos pulmões.
No dia 5 de Janeiro, Abdi Mahamud, o gestor de incidentes da Organização Mundial de Saúde para a COVID-19, disse à imprensa que a Ómicron afecta principalmente a parte superior do tracto respiratório, o que pode explicar que ela seja mais contagiosa do que as estirpes anteriores, mas não é tão mortal.
“O que estamos a verificar agora é … a dissociação entre o número de casos e de mortes,” disse Mahamud. Ele acrescentou que as estirpes anteriores tinham a maior probabilidade de causar pneumonia grave.
No dia 31 de Dezembro, um relatório do governo do Reino Unido afirmou que as pessoas infectadas com a Ómicron na Inglaterra tinham cerca de cinquenta por cento de probabilidade de necessitar de internamento, em comparação com aquelas que tinham a variante Delta, comunicou a revista Nature.
A Dra. Angelique Coetzee, presidente nacional da Associação Médica Sul-Africana, foi uma das primeiras médicas a tratar pacientes da Ómicron na África do Sul. Ela disse à CNN que muitas pessoas irão provavelmente criar imunidade natural, contraindo a Ómicron, sem saber que a tiveram.
“Eu sei que muita ciência não quer que utilizemos o termo ‘ligeiro,’” disse Coetzee. “Não posso dizer que é uma doença muito grave. Sim, é grave se alguém estiver na UCI, com ventiladores mecânicos. O número de casos que realmente terminam com doença grave e nos ventiladores não é grande.”
Mas as pessoas devem continuar vigilantes e aderir às medidas de contenção da COVID-19, Dr. Amir Khan, professor sénior na Escola de Medicina da Universidade de Leeds e na Universidade de Bradford, no Reino Unido, escreveu no site da Al Jazeera.
“Como médico, eu fico preocupado com o facto de que as implicações de uma doença mais ligeira possam tranquilizar as pessoas a ponto de terem uma sensação falsa de segurança, talvez deixá-las menos propensas a usarem a máscara, distanciar-se socialmente ou, pior ainda, menos propensas a tomarem a vacina,” escreveu Khan. “Tornámo-nos de alguma forma indiferentes ao número de mortes pela COVID-19. Mas ligeira ou não, a Ómicron continua a ser uma ameaça global grave.”
A Ómicron propagou-se até pelo menos 22 países africanos desde que foi primeiramente detectada no Botswana, em finais de Novembro.