EQUIPA DA ADF
Os países africanos irão obter um reforço económico para ajudá-los a vencer as dificuldades financeiras causadas pela COVID-19 no âmbito de um projecto recentemente lançado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Este organismo anunciou a criação de um fundo de direitos especiais de saque (DES), avaliado numa soma sem precedentes de 650 bilhões de dólares. O fundo é destinado a ajudar os países a cobrir os custos de importação de medicamentos, combustíveis, produtos alimentares e outras necessidades sem aumentar o seu fardo da dívida.
Os países africanos irão partilhar 33,6 bilhões de dólares em DES, que serão divididos de acordo com os montantes das suas contribuições ao FMI.
O que são os direitos especiais de saque?
DES não são moeda. Parecem-se mais com cupões que os países podem trocar por uma dentre cinco moedas globais que o FMI mantém nas suas reservas: o dólar americano, o euro, o iene japonês, o renminbi chinês e a libra esterlina britânica. A actual taxa de câmbio é de 1 DES para 1,416 dólares.
O sistema DES é uma forma raramente utilizada para injectar liquidez nos sistemas financeiros do mundo. Foi utilizado pela última vez em 2009, em resposta à crise financeira global. Nessa altura, o FMI alocou 250 bilhões de dólares em DES.
De acordo com o plano actual, a África do Sul tem o direito da maior partilha única do continente, 4,2 bilhões em DES (aproximadamente 6 bilhões de dólares). Quatro das outras maiores economias do continente (Nigéria, Egipto, Argélia e Marrocos) irão partilhar outros 10 bilhões de DES, sendo o remanescente alocado para os outros países, de acordo com as suas contribuições ao FMI.
Vera Songwe, secretária-executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África, apelou aos países de alta renda que não necessitam dos DES para que transferissem os seus direitos aos países de baixa renda como uma forma de reforçar o impacto económico dos DES.
Reconstruindo Economias
O presidente Macky Sall, do Senegal, disse que a alocação de DES ajudará os países africanos a melhorarem a sua resposta à COVID-19, financiar a sua recuperação económica da pandemia, formar jovens, criar novas empresas e reduzir as dívidas nacionais.
Os confinamentos obrigatórios e outras medidas drásticas que acompanharam a pandemia, no início de 2020, causaram uma recessão económica que prejudicou as economias e deixou os países com muitas dívidas. Por aproximadamente dois anos, os países do continente enfrentaram dificuldades para poder proteger os seus cidadãos da pandemia enquanto equilibravam com o pagamento das suas obrigações financeiras. Em muitos casos, o alívio da dívida que receberam no ano anterior esgotou-se, obrigando-os a reiniciar os pagamentos.
O sistema de DES irá ajudar os países a satisfazer as necessidades básicas dos seus cidadãos sem acrescentar um peso no seu fardo da dívida.
Utilizando os DES, os países africanos podem reverter alguns dos prejuízos feitos pela pandemia. A economia do continente contraiu-se em aproximadamente 2% em 2020. Embora o crescimento económico em 2021 esteja a correr em 3,2%, isso é apenas cerca de metade da taxa que está a ser registada pelo resto do mundo.
O economista queniano Ken Guichinga sugere que os países coloquem os seus DES a funcionar, concentrando-se nas pequenas empresas que podem criar empregos e estimular o crescimento económico de forma rápida.
“A maior parte dos países ainda está a enfrentar a pandemia,” Guichinga, economista-chefe da Mentoria Economics, disse à New Central TV, da Nigéria. A médio prazo, [a pergunta] deve ser: ‘Quando estes países irão finalmente reabrir?’”