África Prevê uma Longa Recuperação Económica Quando a Pandemia Acabar
EQUIPA DA ADF
Mesmo numa altura em que muitos países africanos enfrentam dificuldades para conter a terceira e a quarta vagas da pandemia da COVID-19, especialistas afirmam que as preocupações financeiras podem durar muito tempo no continente, depois que a crise sanitária passar.
Analistas afirmam que o desemprego, a instabilidade contínua, a queda no turismo, a redução das receitas provenientes dos recursos naturais e a enorme dívida externa, todos eles implicam em problemas para o cenário económico futuro de África.
Ahunna Eziakonwa, director do gabinete regional para África, no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, disse ao jornal do Reino Unido, The Guardian, que os países africanos foram atingidos de forma desproporcional pelo choque económico causado pela COVID-19.
“O continente encontra-se em grande desvantagem,” disse Eziakonwa. “Muitos países africanos ainda estão a lutar para sair de coisas fundamentais e básicas, tirar as pessoas da pobreza, garantir educação e serviços de saúde básicos. Agora, as despesas e os investimentos estão a esgotar-se, o que se traduz em dificuldades e destituição.”
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projectou que, embora se espere que a economia global cresça em 6% em 2021, a economia da África Subsaariana crescerá em apenas 3,5% — saindo de menos 1,8%, em 2020. Os países desenvolvidos, como o Reino Unido e os Estados Unidos, cada um deles projectou um crescimento de 7%, enquanto a Ásia pode crescer em 7,5% este ano.
O FMI destacou três prioridades para a recuperação pós-pandemia: acabar com os efeitos do surto através das vacinações; implementar medidas financeiras para impulsionar as medidas de crescimento; e reduzir a dependência de carbono enquanto se fortalece a digitalização.
“Em todas estas áreas, as perspectivas do continente não são promissoras,” escritor e jornalista, Ciku Kimeria, escreveu para o Quartz África, no início de Agosto.
Mas existem potenciais caminhos para o alcance de uma situação financeira mais estável.
O segundo maior produtor de cobre de África, a Zâmbia, possui cerca de 12 bilhões de dólares de dívida externa, incluindo 3 bilhões de dólares em obrigações internacionais e grandes empréstimos de empresas de propriedade estatal chinesa, noticiou o jornal The Wall Street Journal. Foi o primeiro país africano a registar um incumprimento da dívida durante a pandemia, em Novembro.
O Ministro das Finanças da Zâmbia, Situmbeko Musokotwane, indicado para o cargo no dia 24 de Agosto, disse, à Al Jazeera, que ele se predispõe a concordar com um programa de empréstimos do IMF, porque daria a confiança aos credores e daria ao governo financiamentos mais baratos e com maior duração.O governo possui 750 milhões de dólares em Eurobond que vencem no próximo ano, mas não está em condições de pagar.
“Não temos dinheiro para reembolsar. É por isso que é importante que entremos [num] [programa] do FMI para que possamos renegociar para não pagar no próximo ano,” Musokotwane disse à emissora pública, ZNBC. “Estou 100 por cento confiante de que será feito.”
Aumentar os preços do cobre pode ajudar as perspectivas económicas da Zâmbia, dizem os analistas.
Da mesma forma, o sector industrial da África do Sul, em particular o sector mineiro e a indústria transformadora, apresenta taxas de crescimento positivas, devido ao aumento da procura global e aos elevados preços das mercadorias, de acordo com os consultores financeiros da NKC African Economics.
“Dados do Google Mobility, que já provaram ser um bom indicador de actividade económica, estabilizaram-se para os seus melhores níveis, desde que ocorreu o choque do coronavírus,” Pieter du Preez, da NKC African Economics, disse numa reportagem da CNBC, de finais de Maio.
Mesmo assim, será necessário algum tempo para que os efeitos da COVID-19 sobre as economias africanas se dissipem, porque as perdas massivas de produção, causadas pela recessão económica, podem manter o desemprego em alta. Um relatório da ideas4development.org afirma que não se espera que os rendimentos alcancem os níveis anteriores à pandemia entre 2022 e 2025, o que significa que 32 milhões de pessoas da África Subsaariana podem experimentar um aumento da pobreza.
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